- Com esta série não é pretendido fazer história, mas sim é visado, ao lado das imagens, que poderão ser úteis aos leitores, a sintetizar em seus acontecimentos principais a vida no Brasil Império, antes e depois, inserida na História.

Não se despreza documentos oficiais ou fontes fidedignas para garantir a credibilidade; o que hoje é uma verdade amanhã pode ser contestado.

A busca por fatos, dados, informações, a pesquisa, reconhecer a qualidade no esforço e trabalho de terceiros, transformam o resultado em um caminho instigante e incansável na busca pela História.

Dividir estas informações e aceitar as críticas é uma dádiva para o pesquisador.

Este blog esta sempre em crescimento entre o Jornalismo, Crônicas, Causos e a História.

Haverá provavelmente falhas e omissões, naturais num trabalho tão restrito.

Qualquer texto, informação, imagem colocada indevidamente, dúvida ou inconsistência na informação, por favor, comunique, e, aproveito para pedir desculpas pela omissão ou inconvenientes.

(Consulte a relação bibliográfica e iconográfica)

- Quer saber mais sobre determinado tema, consulte a lista de assuntos desmembrados.

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Em História, não podemos gerar Dogmas que gerem Heresias e Blasfêmias e nos façam Intransigentes.

Acompanhe neste relato, que se diz singelo; a História e as Transformações do Brasil e do Brazil.

Poderá demorar um pouquinho para baixar, mas vale à pena

jpmcomenta@gmail.com

domingo, 4 de julho de 2010

Princesa Isabel



Izabel Cristina
Princesa Imperial do Brazil
Criança
 Menina
 Adolececente
 Moça
 Mulher
 
Vivida
A Redentora

Atualmente não se tem a dificuldade e interesses do assunto – Escravidão.

A Princesa Isabel, depois de uma luta insana, contra os escravocratas, na qual ela precisou até derrubar o Gabinete de Ministros do Barão de Cotegipe, para poder nomear o abolicionista João Alfredo Corrêa de Oliveira e assim poder propor ao Parlamento, a LEI ÁUREA e finalmente sancioná-la, depois deste desprendimento verdadeiramente heróico, pois sabia que a consequência seria a queda da Monarquia (o que de fato ocorreu um ano e meio depois), arguida, já no exílio, que se adivinhasse que perderia o Trono, teria assinado a Lei?
Respondeu:

“Quantos tronos houvesse a cair, eu não deixaria de assiná-la.”

Quem foi esta Mulher!

Nome completo: Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança

Nascimento: 29 de Julho de 1846
Cidade do Rio de Janeiro, Brasil
Morte: 14 de Novembro de 1921 (75 anos)
Cidade de Eu, França
Pai:   Pedro II do Brasil
Mãe: Teresa Cristina de Bourbon - Duas Sicílias

(Rio de Janeiro, 29 de julho de 1846 — Eu, França, 14 de novembro de 1921) 

- Princesa Imperial do Brasil,
- Regente do Império por três ocasiões, na qualidade de herdeira de seu pai, o imperador D. Pedro II, e da imperatriz Dona Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias. Foi a terceira Chefe de Estado brasileira após sua avó Dona Leopoldina e sua trisavó Dona Maria I.
- Cognominada a “Redentora” por ter abolido a escravidão no Brasil.
- Após seu casamento com o príncipe Gastão de Orléans, conde d'Eu, em 1864, ocorreu uma junção matrimonial entre a Casa de Bragança e a de Orléans, originando o nome Orléans e Bragança, que foi passado, exclusivamente, aos descendentes de D. Gastão de Orléans e D. Isabel.


Csmélia (1889) 
Curtis's Botanical Magazine
Nascimento
Era 29 de julho de 1846, o paço de São Cristóvão, na capital do império, acordou com o som provocado pelas contrações de dona Teresa Cristina. 

Às 6:26 horas da tarde, nascia a Isabel. a Princesa, segunda filha do Imperador Dom Pedro II, assistida pelo Dr. Cândido Borges Monteiro, no Paço de São Cristóvão, Rio de Janeiro.
Batizado
Em 15 de novembro de 1846, era batizada na capela Imperial, pelo Bispo Capelão-Mor, Conde de Irajá, recebeu o pomposo nome Isabel Cristina Leopoldina Augusta. Isabel, por causa da avó materna, Rainha de Nápoles; Cristina, que lembraria sua mãe, a Imperatriz Dona Tereza Cristina; Leopoldina em homenagem a sua avó paterna, a primeira Imperatriz do Brasil e Augusta como premonição do futuro que a aguardava. A esses nomes acrescentaram-lhe os tradicionais dos príncipes de Bragança: Micaela, Gabriela, Rafaela Gonzaga.

Seus padrinhos de batismo foram o rei consorte Fernando II de Portugal e sua avó materna a rainha Isabel de Nápoles.
Herdeira do Trono do BraZil
Em 1847, Isabel, tornava-se, aos onze meses de idade, herdeira do trono e sucessora de seu pai, com a morte de seu irmão mais velho, o Príncipe Dom Afonso, .

Neste mesmo ano de 1847 nasceria a 13 de julho a sua companheira de toda a mocidade, a Princesa Leopoldina, sua irmã.

Nota:
- Em 1848 nasceu o seu segundo irmão varão, o Príncipe Dom Pedro, que veio a falecer dois anos depois. Para herdar o trono fundado por Dom Pedro I, restava uma frágil princesa de quatro anos de idade que seria, daí em diante, a Princesa Imperial. O reconhecido oficial como sucessora de seu pai teve lugar a 10 de agosto de 1850, quando a Assembléia-Geral, reunida no Paço do Senado às 11 horas da manhã, proclamou-a Herdeira do Trono na forma dos Artigos 116 e 117 da Constituição do Império.

Também, por a mesma ter sido a herdeira do trono imperial brasileiro, os seus descendentes, os únicos detentores do sobrenome Orléans e Bragança, são os atuais herdeiros da extinta coroa imperial do Brasil.
Infância
As duas princesas passaram esses anos entre o Rio de Janeiro e Petrópolis, na residência de verão. Conhecido por ser um entusiasta das artes e ciências, Pedro II mantinha as filhas ocupadas quase o dia todo, deixando-as com pouco tempo para as bonecas de que tanto gostavam. 

Em 1848, nasceu o seu segundo irmão varão, o príncipe D. Pedro Afonso, que morreu dois anos depois.

Para herdar o trono imperial restava a princesa de quatro anos de idade, designada a partir de então como

No Palácio São Cristóvão, para amenizar o ambiente carregado de estudos e deveres, pequenas peças teatrais eram levadas à cena, em que as princesas desempenhavam os principais papéis na companhia dos amigos de infância, inclusive pequenos escravos.

A proximidade da princesa com os negros, desde a mais tenra infância, e o diálogo franco e cordial com eles estabelecido, inclusive nas brincadeiras infantis, pode vir a explicar sua futura inserção no movimento abolicionista.
Princesa Imperial
Em 10 de agosto de 1850, o reconhecimento oficial como sucessora e herdeira do pai teve lugar quando a Assembléia-Geral, reunida no Paço do Senado às 11 horas da manhã, proclamou-a herdeira do trono, de acordo com os artigos 116 e 117 da Constituição do Império.
Educação
A fim de prepará-la para seu papel, começou D. Pedro II a preocupar-se com a formação da futura imperadora.

Elas tinham aula de latim, francês, inglês, alemão, história, literatura, astronomia, física e filosofia, entre outros assuntos.

Desde cedo, porém, o Imperador iniciou entendimentos para dar às filhas uma preceptora.

Por indicação da tia das princesas, Francisca de Bragança, a escolhida foi a condessa de Barral, filha do embaixador Domingos Borges de Barros, visconde de Pedra Branca e esposa do nobre francês, o conde de Barral, considerada pela maior parte dos autores - inclusive José Murilo de Carvalho, em seu livro D. Pedro II (Companhia das Letras, 2007) - como o grande amor do imperador Pedro II.

Em setembro de 1855, a condessa de Barral iniciou suas funções.

Algumas dessas matérias – às quais Isabel não era tão apegada como o pai – eram lecionadas pela condessa de Barral, aia das meninas.

“Isabel passou a ter mais satisfação no relacionamento com a aia que na ligação com a mãe”, escreveu o historiador inglês Roderick J. Barman em Princesa Isabel do Brasil.

As duas foram amigas por toda a vida.

Para a educação de D. Isabel e da sua irmã numerosos mestres foram designados, que elaboraram um severo programa de estudos. Afirma D. Pedro II sobre a educação de suas filhas:

"o caráter de qualquer das princesas deve ser formado tal como convém a senhoras que poderão ter que dirigir o governo constitucional de um Império como o Brasil. A instrução não deve diferir da que se dá aos homens, combinada com a do outro sexo: mas de modo que não sofra a primeira. Convirá conformar-se, quando for de proveito, aos regulamentos da instrução pública primária e secundária. Poderá impor castigos, e quando forem leves, sem meu conhecimento prévio, devendo minhas filhas não saber ilegível que o tenho, quando isto não for conveniente, sendo o maior deles a reclusão em um dos quartos dos respectivos aposentos, assim como representar-nos, mesmo perante nossas filhas, sobre a justiça da concessão de algum prêmio."

Mas, apesar de todo este rigor, sua infância teve muitos momentos de descontração, ao lado da irmã Leopoldina.
Em seu diário ela diz:
"Petrópolis, residência de verão, residência deliciosa: jardins floridos, canais cortando a cidade... " Ou mais adiante:
"Eu fui de Petrópolis a pé até a cascata de Tamarati. A mana andou tão pouco a cavalo.

Fato pouco comentado é que D. Isabel possuía formação completa em Química e que ela nutria profundo interesse pelas questões ligadas ao desenvolvimento da educação no país, especialmente a educação pública, como fica patente na sua Fala do Trono, enquanto Regente do Império, em 1º de fevereiro de 1877:

"A instrução pública continua a merecer do governo a maior solicitude. Foram criadas no município da corte escolas de segundo grau, e as normais, destinadas a preparar professores para o ensino primário de ambos os sexos, terão de ser brevemente inauguradas. Nas províncias este ramo de serviço apresenta sensível progresso, limitado, porém pela falta de meios de que podem dispor. Se os melhoramentos materiais por elas empreendidas têm recebido vosso auxílio, justificada será qualquer despesa que autorizeis para coadjuvar esse grande elemento de civilização."
O Juramento Constitucional
A 29 de julho de 1860, completava D. Isabel seus 14 anos e, de acordo com o Artigo 106 da Constituição, deveria prestar o juramento de "manter a religião católica apostólica a romana, observar a Constituição política da nação brasileira e ser obediente às leis e ao imperador”.
Adolescencia
Isabel não ficou livre das turbulências da adolescência, restrita à vida social do palácio. A menina passou a usar palavras insolentes com mais freqüência e desobedecia os professores. Além de malcriada, era uma jovem desastrada.

Aos 16 anos, enquanto cavava um canteiro, ela atingiu com a pá Amandinha de Paranaguá, filha do político marquês de Paranaguá. A pobre, mesmo tendo perdido a visão do olho direito, permaneceu como uma das poucas e fiéis amigas de Isabel.
A Busca pelo Noivo
Os preparativos para seu casamento foram iniciados na década de 1860.

Em 1863, Pedro II começou a buscar noivos para as filhas, privilegiando outras casas reais (de preferência, as poderosas). Ele queria que Isabel se casasse com dom Luiz, filho de sua irmã Maria II, rainha de Portugal.

A imprensa descobriu e a história pegou mal. Para a opinião pública, se a futura rainha brasileira fosse esposa de um príncipe português, o Brasil voltaria à condição de colônia na prática, já que o governante de fato seria o marido.

Dom Pedro II desistiu do enlace e só conseguiu fechar um acordo quando chegou à sexta opção de sua lista:
- Augusto de Saxe seria o marido de Isabel, e
- Gastão de Orleans, o conde D’Eu, de Leopoldina (Conde D'Eu).

Gato escaldado, Pedro II lembrou-se de quando foi obrigado a se casar com Dona  Teresa Cristina. 
Por isso, tentou levar em conta os gostos das princesas e pediu retratos dos pretendentes com antecedência. 

O imperador havia tratado, através de seus ministros, o casamento da princesa Isabel, herdeira do trono, com o duque Luís Augusto de Saxe-Coburgo-Gota, o segundo filho de Augusto de Saxe-Coburgo-Gota e da princesa Clementina de Orléans; ao mesmo tempo, o primo deste, Luís Filipe Maria Fernando Gastão de Orléans e Saxe-Coburgo-Gota (Louis Phillipe Marie Ferdinand Gaston d'Orléans et Saxe-Cobourg et Gotha), conde d'Eu, foi prometido à princesa Leopoldina.
O Noivo

Conde D'Eu
***

Por indicação de sua tia, D. Francisca de Bragança (filha de D. Pedro I), princesa de Joinville na França, vieram ao Brasil dois primos, os príncipes Gastão de Orléans, conde d'Eu e Luís Augusto de Saxe-Coburgo-Gota, sobrinhos-netos do rei Leopoldo I da Bélgica, sobrinhos de D. Fernando II de Portugal, além de primos de segundo grau da rainha Vitória do Reino Unido.
A Troca de Noivo
Quando da chegada dos dois jovens, as princesas perceberam que deveria ocorrer uma troca, pois cada uma delas havia se encantado pelo pretendente da outra, e imediatamente solicitaram aos pais que a troca fosse realizada.

Tanto D. Pedro quanto D. Teresa Cristina, favoráveis a que os casamentos fossem motivados não apenas pelas questões dinásticas, mas também pelos afetos - até porque, no seu próprio caso, havia ocorrido um choque inicial - consentiram imediatamente.
O Amor e o Pedido
Ao ver Gastão, o francês “encomendado” para sua irmã, Isabel caiu de amores. 
A princípio, não foi retribuída.

“Ela nada tem de bonito; (...) lhe faltam completamente as sobrancelhas”, escreveu Gastão em carta à irmã.
“Mas o conjunto de sua pessoa é gracioso.”

Em 18 de setembro de 1864, o príncipe Gastão de Orléans pediu a mão da Princesa Imperial do Brasil.
O  Consorte
Gastão,
batizado Louis Philippe Marie Ferdinand Gaston, nascera em 1842 e morreu em 1922 em águas brasileiras, a bordo do navio Massilia.
Era não só conde d´Eu como príncipe de Bourbon-Orléans, sendo feito depois marechal do Exército Brasileiro.
Era filho de Louis Raphael, Duque de Nemours, por sua vez filho do Rei francês Luís Filipe I.

Gastão assumiria o comando das tropas brasileiras na fase final da Guerra do Paraguai, razão de preocupação para Dona Isabel, e fato que provocou muita oposição em diversos círculos, pois nem sempre foram sábias as decisões militares tomadas.

Finda a guerra em 1870, o casal fez nova viagem à Europa, para visitar Leopoldina, doente.

Em 7 de fevereiro de 1871, D. Leopoldina morreu de tifo.
O Casamento
Em 15 de outubro de 1864, Rio de Janeiro, o casamento teve lugar na Capela Imperial,
No mesmo dia os noivos partiram para a lua de mel em Petrópolis.

Para celebrar, ela pediu ao pai que dez escravos do palácio, sendo oito criados pessoais dela, fossem libertados. Isabel, assim como Pedro II, desejava o fim da escravidão. Mas só se envolveria com o assunto anos depois.

Em 10 de janeiro de 1865, seguiram para a Europa, onde a princesa conheceu os sogros.
Primeira Regência
Em 20 de maio de 1871, após uma viagem de Dom Pedro II à Europa, a Princesa Isabel, aos 24 anos, assume a regência do Império pela primeira vez. 

Nas três ocasiões em que atuou como regente, procurou fazer somente o que tinha certeza de que Pedro II faria. O imperador nunca deu a ela espaço na política, por diversas razões.
Segundo Barman, ele era muito centralizador e ela, por sua vez, parecia preferir a vida familiar.
Mas, de acordo com o historiador Bruno de Cerqueira, do Instituto Dona Isabel I, ela não era uma marionete.


“Tinha idéias próprias e era bem mais inteligente que o conde D’Eu”, diz.

Na primeira das três regências de Isabel, ela era ainda uma jovem insegura de 25 anos. Sentia-se “uma espécie de imperador sem mudar de pele, sem ter uma barba, sem ter uma barriga muito grande”, escreveu ao pai.
Antes de viajar para a Europa e deixar a filha no cargo, Pedro II preparou o terreno para o início da abolição gradativa da escravidão, instaurando um gabinete favorável às idéias abolicionistas.

Isabel aprovou a Lei do Ventre Livre, que libertava os filhos de escravas nascidos a partir da data de sua assinatura, 28 de setembro de 1871.

A lei, porém, permitia que o senhor usasse esses escravos livres até eles completarem 21 anos. “Foi uma forma de garantir continuidade de trabalhadores enquanto não se resolvia a questão da mão-de-obra na lavoura, já que o fim da escravidão era inevitável”, diz Carlos Bacellar, historiador da Universidade de São Paulo.

A Lei do Ventre Livre, também conhecida como “Lei Rio Branco” foi uma lei abolicionista, promulgada em 28 de setembro de 1871 (assinada pela Princesa Isabel).

Esta lei considerava livre todos os filhos de mulher escravas nascidos a partir da data da lei.

Ruy Barbosa, na época ministro da Fazenda, ordenou a destruição de todos os livros de matrículas de escravos, pois temia ações na justiça dos proprietários de escravos. Ruy Barbosa também foi responsável pela redação do parecer e projeto de lei sobre a emancipação dos escravos,
Lei dos Sexagenários.
Mãe
Trechos do livro: Os Partos da Princesa Isabel a Redentora, de Cleomenes Barros Simões. 

A princesa foi muito pressionada a gerar herdeiros, de preferência homens.
Dos quatro filhos de Pedro II, só as meninas chegaram à idade adulta, o que tornava ainda mais urgente que a sucessora tivesse um varão para manter a linhagem real.

Seus filhos:

D. Luísa Vitória de Orléans e Bragança;
D. Pedro de Alcântara de Orléans e Bragança;
D. Luís Maria Filipe de Orléans e Bragança;
D. Antônio Gastão de Orléans e Bragança.

Em 1872, Isabel sofreu um aborto.

Em 28 de julho de 1874, no Palácio Isabel (atual Palácio Guanabara), nasceu morta uma menina, batizada in articulo mortis com o nome de Luiza.

Em 1874, voltou às pressas da Europa para cumprir o artigo 2 de seu contrato nupcial: o primeiro filho deveria nascer no Brasil.
Tudo correu bem nas três semanas de travessia da França ao Rio. No entanto, em julho, em terra firme, o bebê morreu em um complicado parto de 50 horas.

Outro choque para a família, que três anos antes havia perdido Leopoldina, morta pelo tifo, aos 23 anos.

Em 15 de outubro de 1875, quando comemoravam onze anos de casados, nascia no Palácio Princesa Isabel, em Petrópolis, o herdeiro, recebendo o nome de Pedro de Alcântara, e o título de Grão-Pará, que competia ao primogênito do Príncipe Imperial, saudável, mas com uma deficiência: nem o braço nem a mão esquerdos moviam-se.

No Palácio Imperial de Petrópolis, em 26 de janeiro de 1878, nascia o segundo filh, Dom Luís Maria.
No mesmo ano o casal foi residir na França.

Em 09 de agosto de 1881, em função de uma demorada viagem à Europa, nascia o terceiro filho, Dom Antônio Gastão, no Palácio alugado da Rua de La Faisanderie, 27, Passy, Paris-França.
No mesmo ano a família voltaria a viver no Brasil.

Em 1876, outro aborto.

Em 1878 nasceu Luís, seu terceiro filho.

Em 1881, nasceu Antônio.

A vida pregressa obstétrica de D. Isabel Cristina, a Princesa Imperial do Brasil, afirmando que: “Se naquela época fizéssemos parto cesariana, a Princesa Isabel não teria tido infortúnios por ocasião dos seus partos”.

Luiz da Cunha Feijó (1817-1882), Visconde de Santa Isabel, foi Lente Catedrático de Partos (expressão utilizada na época, para professor de obstetrícia), de 1851 a 1872, na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Feijó foi o mais reputado parteiro do seu tempo, tendo sido obstetra da Casa Imperial. Acompanhou a Princesa Isabel em três viagens à Europa (1865,1870 e 1878), e apesar de sua notória competência, como bom prático, foi alvo de maledicência quando a princesa deu à luz, sob sua assistência, a sua primogênita.

A Princesa Isabel não era estéril (incapacidade definitiva de engravidar), e sim infértil (incapacidade reiterada de levar a um feto viável), padecia de aborto habitual ou recorrente, isto é, engravidava e perdia, o que a deixava muito triste, angustiada e apreensiva. Com o fato de levar a sua gestação ao termo (é aquela compreendida entre 37 semanas completas e 42 semanas incompletas, a partir do primeiro dia da última menstruação), consultou-se com um especialista europeu, seguiu um tratamento. Debalde o conselho do especialista, submeteu-se às curas hidroterápicas, e aos banhos de mar.

E foi depois de uma longa permanência em Caxambu, Minas Gerais, uma cidade de águas minerais de estações termais, que a Princesa Isabel consegue finalmente o seu escopo, a concepção do herdeiro. Este evento que maravilhou a Corte, causou grande entusiasmo entre todos os brasileiros. Nessa cidade, a Princesa Isabel em suas orações, fez a promessa, que caso conseguisse conceber um filho, faria construir uma Igreja sob a invocação de Santa Isabel, rainha da Hungria. Cumpriu a sua promessa, e até hoje existe em Caxambu, a Igreja de Santa Isabel da Hungria.

 O seu primeiro parto, realizado na manhã de 28/07/1874 (dez anos após o seu casamento), no Paço Isabel (atual Palácio Guanabara) no Rio de Janeiro, transcorreu tropeçoso, um parto difícil e doloroso, resultando em natimorto (criança que nasce sem nenhum sinal de vida) uma menina loira que denominaram de Luíza Victória de Orléans Bragança. Como não conseguiram (eram três obstetras - Feijó, Ferreira de Abreu e Sousa Fontes) extrair o feto morto do ventre da princesa, fizeram uma mutilação (craniotomia) nesse feto, um procedimento rotineiro na época. Esse ato, feito com um aparelho denominado craniótomo, consiste na perfuração da cabeça do feto com o objetivo de reduzir o seu volume, através da retirada do conteúdo cerebral. Só assim, conseguiram retirá-lo do ventre da princesa. Isso foi feito após inúmeras tentativas malogradas de aplicação do fórcipe (um instrumento de dois ramos cruzados ou não, e desarticuláveis, destinado a apreender a cabeça do feto e extraí-la através do canal pelvigenital), manipulado até pelo Imperador D. Pedro II, em função da exaustão dos três obstetras que se revezavam no tracionamento do fórcipe.Todos esses eventos foram duramente censurados, mesmo nos periódicos leigos da época.

Grávida novamente, a Princesa Isabel estava na Europa e manifestou o desejo de ser partejada em Paris (não queria parir no Brasil porque temia outro infortúnio), pelo hábil tocólogo (obstetra) francês Jean - Anne - Henri Depaul (1811-1883). Mas, em função de normas políticas, teria que parir no Brasil, afinal, este filho poderia ser o herdeiro presuntivo da Coroa Imperial, ou seja, seria o futuro Imperador do Brasil. Pela lei do Império somente filhos homens poderiam garantir a sucessão do Trono. Já em Petrópolis, a Princesa Isabel exigiu ter o seu parto com o Dr.Depaul, e nem o Imperador D. Pedro II conseguiu demovê-la de seu propósito. O Dr. Depaul chegou ao Rio de Janeiro, em 24 de setembro de 1875, acompanhado da esposa, do filho e de sua auxiliar, a enfermeira Soyer. Iniciado o trabalho de parto da Princesa Isabel, o Dr. Depaul notou que o feto estava em situação transversa, ou seja, em apresentação de espádua (ombro), e não conseguia vira-lo de cabeça para baixo (apresentação cefálica), ou vira-lo para ficar de nádegas (apresentação pélvica). O obstetra francês naquele momento aflito procurou socorrer-se de imediato do professor Sabóia - Vicente Candido Figueira de Sabóia (1835-1909), Visconde de Sabóia, Lente Catedrático de Cirurgia, e Diretor da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro (1881 - 1889). O Dr.Depaul o havia conhecido através do livro de texto do Dr. Sabóia – “Traité Théorique et Pratique de la Science et de L’Art des Accouchements”.Trata-se de um tratado sobre partos, escrito em francês e editado em Paris, em 1873.Este, comparece prontamente, e com feliz manobra obstétrica conseguem fazer a versão do feto, ou seja, conseguiram vira-lo de cabeça para baixo (apresentação cefálica) e através do fórcipe, nasceu após 13 horas de trabalho de parto, às 4 horas e 50 minutos da madrugada de 15 de outubro de 1875 no Palácio da Princesa Isabel, em Petrópolis, D.Pedro de Alcântara, o Príncipe do Grão- Pará (assim denominado em homenagem à maior Província do Brasil, que então englobava os atuais Estados do Amazonas, Rondônia, Roraima, Acre, Pará e Maranhão), herdeiro presuntivo da Coroa Imperial brasileira, pesando 12 libras (5,4quilogramas).

Este, que recebeu no seu batismo o nome de Pedro de Alcântara Luiz Felipe Maria Gastão Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Orléans e Bragança, nasceu asfixiado (sufocado), tendo sido reanimado pela enfermeira Soyer. Como havia sido um parto laborioso, demorado, e extraído a fórcipe, houve lesão do plexo braquial (estrutura a partir do qual têm origem um conjunto de nervos dos membros superiores) esquerdo do recém-nascido. Esta lesão comprometeu a 7ª e 8ª raízes dos nervos cervicais (do pescoço), determinando paralisia da mão e dos dedos, com reflexo de preensão palmar ausente, isto é, ele não conseguia fechar a mão esquerda, não conseguia segurar nada. Por isso, D. Pedro de Alcântara ficou conhecido por Mão Seca, ou Mão Atrofiada. Esta paralisia, em que o braço, mão e dedos estão sempre em extensão, é denominada eponimicamente de paralisia de Klumpke. Três semanas após o parto, que teve também a ajuda do Dr.Feijó, o Dr. Depaul regressou à França com mais de 15 mil francos só de consultas concedidas em Petrópolis, fora os honorários do parto.

O terceiro filho, Dom Luis de Orléans, nasceu saudável no Palácio Imperial de Petrópolis na manhã de 26 de janeiro de 1878, pelas mãos do Dr. Depaul. Este, retornou a Paris em 15 de fevereiro. No mesmo ano, a Princesa Isabel e esposo foram residir em Paris, em busca de tratamento para a mão atrofiada do Príncipe do Grão-Pará.

Lá, nasceu no Palácio alugado da Rue de La Fainsanderie, 27, Passy, Paris, e também saudável em 09 de agosto de 1881, o quarto e último filho, Dom Antonio Gastão.

Em dezembro desse mesmo ano regressaram ao Brasil. A Princesa Isabel foi tê-lo em Paris, com o Dr. Depaul, evitando constrangimentos de trazê-lo novamente ao Brasil, pois já no segundo e terceiro partos da princesa, o Dr. Depaul foi recebido sem simpatia, e com disfarçada hostilidade dos médicos brasileiros, que teriam sido menosprezados com a presença de um estrangeiro, para “que em suas mãos nascesse o herdeiro do trono do Brasil”.
A Promessa
A Princesa Isabel em 06 de novembro de 1888, agradeceu à Nossa Senhora Aparecida a graça alcançada (da gestação de termo), entregando-lhe uma pequena coroa de ouro em forma de globo com uma cruz, cravejada de diamantes e rubis e um rico manto azul-marinho, com 21 brilhantes representando as 21 Províncias do Império do Brasil.

A coroa ainda hoje orna a cabeça da pequena imagem.

 Nota:
Cleomenes Barros Simões.Ginecologista e Obstetra,em Guarulhos-São Paulo. autor dos livros: “Toda a Ginecologia e Obstetrícia em Testes” (3a edição) e “Patologia do Trato Genital Inferior”, ambos da Editora Roca-SP. 
Senadora
Conforme o artigo 46, capítulo 3, título IV, da Constituição Brasileira de 1824, os Príncipes da Casa Imperial são Senadores por Direito, e terão assento no Senado, logo que chegarem à idade de vinte e cinco anos.

Em 1874, desta forma, D. Isabel Leopoldina tornou-se a primeira senadora do Brasil.
Há que se notar que foi a única a desfrutar desse dispositivo constitucional, haja vista que todos os príncipes do Brasil que a antecederam ou morreram antes dos vinte e cinco anos, ou se casaram com estrangeiros e partiram do país, à exceção de seu pai, que assumiu o Trono aos quatorze anos de idade.

Depois de D. Isabel, a ordem constitucional do Império caiu antes que os príncipes porvir pudessem tornar-se senadores.
Mulher
Isabel era uma típica mulher do século XIX que, além das funções que devia cumprir – ser filha exemplar, esposa fiel, mãe dedicada, acumulou o fato de ser princesa e, por três ocasiões, regente.

Mas, segundo Roderick Barman, havia diferenças entre ela e as outras moças de alta classe da época.

“Ela teve uma educação masculina a que pouquíssimas tiveram acesso”, explica.
“E a vida social no palácio não era agitada. Ela não tinha esse talento.”
Dona de Casa
Com boas doses de afeto, a princesa conquistou o amado Gastão, conde D’Eu, proporcionando uma confortável vida doméstica.

Preparava compotas de pêssego e bolinhos para o marido e se dedicava a cultivar orquídeas.

As flores eram uma paixão à parte.

Em 1875, ela e o marido ajudaram a organizar a primeira Exposição de Horticultura do Brasil, realizada dentro de um prédio construído na França para a ocasião e trazido para o Brasil:
- O Palácio de Cristal, hoje ponto turístico de Petrópolis.

D. Isabel também tinha gosto pela música.
Religiosa
Uma das imagens mais recorrentes da herdeira do trono perante seus súditos era a de beata.
De fato, Isabel era católica fervorosa. Bem mais que o pai, com quem sempre teve uma relação de profunda deferência, amizade, admiração e submissão.

A paixão pela família, disputava espaço com a dedicação à igreja. Fazia muitas novenas, e apegavase cada vez mais aos santos, de quem esperava inspiração e milagre.

Fez promessas à milagrosa Bernadette, em Lourdes na França, e para Nossa Senhora Aparecida de quem era muito devota.
Segunda Regência
Em 26 de março de 1876, voltou a assumir o cargo de regente, quando da viagem de Pedro II aos Estados Unidos, e nele permaneceu até 27 de setembro do ano seguinte.

A segunda regência foi mais conturbada. Dom Pedro II e Dona Teresa Cristina embarcaram para uma viagem de 18 meses ao exterior.

O cenário no Brasil era turbulento:
- Fracassara uma reforma eleitoral que visava impedir fraude e violência nas votações,
- Ocorrera uma seca devastadora no Nordeste brasileiro,
- Havia a chamada Questão Religiosa, que colocou a princesa no fogo cruzado entre a Igreja e o governo. Maçons que ocupavam cargos importantes na política combatiam, desde 1873, uma prática religiosa conservadora e ligada ao Papa, com a qual a princesa simpatizava: - o ultramontanismo.

Bispos ultramontanos expulsaram maçons de irmandades católicas, já que a maçonaria não era tolerada por Roma. Os maçons, que apoiaram a independência, em 1822, e tinham bastante influência no império, exigiram a prisão dos bispos.
Os panos quentes postos sobre a situação não resistiram durante a segunda regência, quando uma nova proposta de expulsão dos maçons das irmandades foi anunciada.

O assunto não foi para a frente, mas a imprensa não poupou a princesa.

A capacidade de substituir o pai foi posta à prova, e Isabel voltou à vida privada, passando mais tempo em Petrópolis.
Abolicionista
Na década de 1880, Isabel abriu mão parcialmente de sua vida na serra e passou a se apresentar publicamente como contrária ao regime escravo. Defendia a abolição nas audiências com nobres e políticos, em viagens pelo interior alforriava escravos.
“O fim da escravidão tornou-se quase um consenso entre a população”, escreveu o historiador Robert Daibert Junior em Isabel, a “Redentora” dos Escravos.

Após séculos de luta pela própria liberdade, os escravos aceitavam a iminente abolição não como uma conquista própria, mas como uma concessão da monarquia.
Para Daibert, parte disso pode ser explicada pela cultura e religiosidade da África, onde as monarquias tinham caráter quase divino.

Os escravos viam como inimigo o senhor de engenho e simpatizavam com a Família Real – o que, mais tarde, solapou as tentativas republicanas de apagar Isabel dos acontecimentos de 1888.
Causa Abolicionista
Liberal, a princesa uniu-se aos partidários da abolição da escravidão. Apoiou jovens políticos e artistas, embora muitos dos chamados abolicionistas estivessem aliados ao incipiente movimento republicano. Financiava a alforria de ex-escravos com seu próprio dinheiro e apoiava a comunidade do Quilombo do Leblon, que cultivava camélias brancas, símbolo do abolicionismo.
Chegava mesmo a receber fugitivos em sua residência em Petrópolis:
"A Princesa Isabel também protegia fugitivos em Petrópolis”.

Temos sobre isso o testemunho insuspeito do grande abolicionista André Rebouças, que tudo registrava em sua caderneta implacável. Só assim podemos saber hoje, com dados precisos, que no dia 04 de maio de 1888, “almoçaram no Palácio Imperial 14 africanos fugidos das Fazendas circunvizinhas de Petrópolis”.

E mais: todo o esquema de promoção de fugas e alojamento de escravos foi montado pela própria Princesa Isabel. André Rebouças sabia de tudo porque estava comprometido com o esquema. O proprietário do Hotel Bragança, onde André Rebouças se hospedava, também estava comprometido até o pescoço, chegando a esconder 30 fugitivos em sua fazenda, nos arredores da cidade. O advogado Marcos Fioravanti era outro envolvido, sendo uma espécie de coordenador geral das fugas.

Não faltava ao esquema nem mesmo o apoio de importantes damas da corte, como Madame Avelar e Cecília, condessa da Estrela, companheiras fiéis de Isabel e também abolicionistas da gema.
À
s vésperas da Abolição, conforme anotou Rebouças, já subiam a mais de mil os fugitivos “acolhidos” e “hospedados” sob os auspícios de Dona Isabel.”

Em 1885, Rio de Janeiro,  Isabel Cristina comemorou seu aniversário de 39 anos, com uma solenidade no Paço Municipal na capital imperial.

Sentada, tendo a seu lado o marido, foi a estrela da cerimônia em que diversos escravos foram alforriados.

Conforme os nomes dos beneficiados eram anunciados pelo vice-presidente da Câmara, João Florentino Meira de Vasconcellos, eles seguiam para receber seus certificados de libertação das mãos de Isabel.

Cada ex-escravo curvava-se e, em sinal de respeito e gratidão, dava um beijo na mão da aniversariante.

A relação de afeto entre a mulher e os negros começava a ser demonstrada publicamente.
Terceira Regência
Em 30 de junho de 1887, assumiu a regência do império pela terceira vez, pois seu pai fora obrigado a afastar-se para tratamento de saúde na Europa, com a diabetes incontrolável.

Isabel começou a derradeira regência já sem encarar as alforrias como esmola de igreja, e sim como questão de Estado.

Para ela, a escravidão emperrava o desenvolvimento do país.

Aliou-se, assim, à ala abolicionista de Joaquim Nabuco, José do Patrocínio e André Rebouças.

A abolição provocava grande oposição entre os fazendeiros escravocratas. Poderosos, esses escravocratas infundiram na opinião pública, através do Parlamento e da imprensa, a idéia de que a abolição da escravidão seria a bancarrota econômica do império, pois as prósperas fazendas de café e açúcar do Brasil de então eram todas elas, regadas com o suor do escravo.

O negro era contado, medido e pesado e os juristas dos escravocratas criaram a tese jurídica de que o escravo era "propriedade" do senhor de engenho e, portanto, estavam sob amparo da Constituição, que garantia o "direito de propriedade".

O Ministério do Império, chefiado pelo barão de Cotegipe, era contrário à abolição e, por isso, alvo de críticas da imprensa.

No Rio de Janeiro, a polícia reprime com violência vários comícios dos abolicionistas. 

Angustiada com as atrocidades cometidas, a Princesa força o Governo de Cotegipe se indispôs com a princesa e pediu demissão. 

Eram tensas as relações entre a Regente e o Gabinete ministerial conservador, mas cordiais.
A Princesa aliava-se ao movimento popular, enquanto o Barão de Cotegipe defendia a manutenção da escravidão.
O  Fim da Escravidão
A 07 de Março de 1888, convida João Alfredo Corrêa de Oliveira a formar novo Governo, aproveitando-se da oportunidade oferecida por um incidente de rua, D. Isabel demitiu o ministério e nomeou o conselheiro João Alfredo, demonstrando determinação política e convicção do que considerava o melhor para o país, pois o Brasil foi a última Nação do ocidente a abolir a escravidão.
O novo ministério, conhecido como o Gabinete da Abolição, a Princesa sugeriu na Fala do Trono que se fizesse o quanto antes a abolição da escravatura.

Ferreira Viana, o recém-empossado ministro da Justiça, aceita reunir-se com líderes abolicionistas. Informa-os que a intenção do novo Gabinete é extinguir a escravidão sem qualquer indenização aos escravocratas. Entusiasmo, aplausos, correm lágrimas pelo rosto de Patrocínio.

Na Fala do Trono de 1888, Isabel dissera com o coração jubiloso:

"confio em que não hesitarei de apagar do direito pátrio a única exceção que nele figura..."
O Conde D’Eu, marido de Isabel, ainda lhe advertiu:
"não assine, Isabel, pode ser o fim da Monarquia."
Mas a Princesa estava determinada e respondeu prontamente ao marido:
"É agora, ou nunca!"

Afinal, a escravidão, que tanto envergonhara a raça humana no Brasil, já durava, em 1888, três séculos, vitimando 12 milhões de negros africanos. Estava aberto o caminho para a liberdade dos escravos no Império.

A sessão parlamentar começa a 03 de Maio de 1888,  

Das janelas do Senado, Rui Barbosa, Rodolfo Dantas e José do Patrocínio discursam para a multidão que enche as ruas.

No dia 04 de Maio de 1888, a Princesa convida 14 negros fugidos para almoçarem com a família imperial.

No dia 08 de Maio de 1888, é apresentado no Parlamento o projeto final da Abolição. Resistência feroz dos parlamentares escravistas.
 Lei Áurea
A assinatura da Lei

Em 13 de maio de 1888, num domingo, aconteceram as últimas votações de um projeto de abolição total. Certa da vitória, a regente desceu de Petrópolis, cidade serrana, para aguardar no Paço Imperial o momento de assinar a Lei Áurea.

No Paço, chuva de rosas que a princesa pisa lentamente.

Usou uma pena de ouro especialmente confeccionada para a ocasião, recebendo a aclamação do povo do Rio de Janeiro.

Assinatura da Lei Aurea

As galerias do Paço estavam repletas, e sob vivas e aplausos de uma multidão estimada em 10 mil pessoas, Isabel sancionou a Lei aprovada pelo Parlamento do Império.

O povo no Paço Imperial - 1888

- A princesa imperial regente em nome de Sua Majestade o imperador, o senhor D. Pedro II, faz saber a todos os súbditos do Império que a Assembléia Geral decretou e ela sancionou a lei seguinte:

Art. 1°: É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil.

Art. 2°: Revogam-se as disposições em contrário. Etc.

A Princesa assina a lei, gritos e vivas da multidão que enche as galerias.


D. Isabel dava provas, de que seu reino era, sim, deste mundo, contrariando a ironia do conselheiro Saraiva que afirmara justamente o contrário, zombando do sentimento profundamente cristão de Isabel.

Bilhete da Princesa Isabel a seu pai, datado de 13 de maio de 1888:

"Empereur Brésil, Milan.
Acabo sanccionar a lei da extincção da escravidão.
Abraço Papae com toda a effusão do meu coração.
Muito contentes com suas melhoras.
Commungamos hoje por sua intensão.
Isabel".

O jornalista mulato José do Patrocínio, aliado da Coroa, invadiu o recinto sem que ninguém conseguisse detê-lo e atirou-se aos pés da Princesa Regente em prantos de gratidão.

O Brasil, último país da América a abolir a escravidão, comemorou com três dias de feriado.
"A Redentora"
A história há de fazer sempre justiça à "Princesa Redentora", título que lhe atribuiu José do Patrocínio, pois ela demonstrou no processo abolicionista firmeza, coragem e, sobretudo, nobre desapego ao cargo, o qual - lhe preveniram - haveria de ser dela tomado pela reação inevitável dos altos e egoísticos interesses escravocratas contrariados, tudo conforme relata o livro Dom Pedro II e a Princesa Isabel, da Editora Lorenz, onde consta memorável testemunho do nobre abolicionista Joaquim Nabuco:
" No dia em que a Princesa Imperial se decidiu ao seu grande golpe de humanidade, sabia tudo o que arriscava. A raça que ia libertar não tinha para lhe dar senão o seu sangue, e ela não o queria nunca para cimentar o trono de seu filho. A classe proprietária ameaçava passar-se toda para a República, seu pai parecia estar moribundo em Milão, era provável a mudança de reino durante a crise , e ela não hesitou: uma voz interior disse-lhe que um grande dever tem que ser cumprido, ou um grande sacrifício que ser aceito. Se a Monarquia pudesse sobreviver à abolição, esta seria o apanágio. Se sucumbisse, seria o seu testamento..."

Missa campal de Ação de Graças, no Rio de Janeiro, reúne a Princesa Isabel e cerca de vinte mil pessoas, celebra a abolição, no dia 17 de maio de 1888.

No destaque vê-se Machado de Assis

O Jornal da Tarde, de 15 de maio de 1888, noticiou:

"o povo que se aglomerava em frente do Paço, ao saber que já estava sancionada a grande Lei, chamou Sua Alteza, que aparecendo à janela, foi saudada por estrepitosos vivas."

Em 28 de setembro de 1888, o Papa Leão XIII lhe remeteu a comenda da Rosa de Ouro, como reconhecimento pela Abolição da Escravatura.
Essa comenda pontifícia simboliza o reconhecimento do Papa a algum feito notável e que mereça regozijo de toda a Igreja.

A Princesa Isabel foi a única personalidade brasileira a receber a Rosa de Ouro.
Outros dois exemplares foram dedicados à Basílica de Nossa Senhora Aparecida pelos Papas Paulo VI (1965) e Bento XVI (2007).
Em 28 de setembro de 1888, o Papa Leão XIII lhe remeteu a comenda da Rosa de Ouro, como reconhecimento pela Abolição da Escravatura.
Essa comenda pontifícia simboliza o reconhecimento do Papa a algum feito notável e que mereça regozijo de toda a Igreja.

A Princesa Isabel foi a única personalidade brasileira a receber a Rosa de Ouro.
Outros dois exemplares foram dedicados à Basílica de Nossa Senhora Aparecida pelos Papas Paulo VI (1965) e Bento XVI (2007).
A Revolta das Elites
Mas a elite cafeeira não aceitava a abolição.

Cotegipe, ao cumprimentar a princesa, vaticinou:
"Vossa Alteza libertou uma raça, mas perdeu o trono".

Mas a Princesa não hesitou em responder:
"Mil tronos eu tivesse, mil tronos eu daria para libertar os escravos do Brasil"

De pensamento arrojado para sua época, Dona Isabel era partidária de idéias modernas, como o sufrágio feminino e a reforma agrária. Documentos recentemente descobertos revelam que a princesa estudou indenizar os ex-escravos com recursos do Banco Mauá, mas não houve indenização, nem as escravos libertos e nem aos donos de fazendas.

O acirramento das disputas entre monarquistas e republicanos civis e militares, a partir de 1889, inviabiliza sua ascensão ao trono como herdeira de dom Pedro II.
O casamento com o conde d'Eu, nobre impopular entre os brasileiros, é um dos focos das divergências.
Os republicanos não querem como herdeira do trono "uma princesa casada com um príncipe estrangeiro"

Dizer que Isabel não teve nenhum papel no fim da escravidão é uma injustiça.
“Embora o 13 de maio seja a data oficial do fim, a libertação já vinha ocorrendo ao longo dos anos anteriores”, diz Bacellar.

O fato é que, adorada pelas massas, Isabel e toda a Família Real perderam muito apoio das elites. Não houve indenização aos fazendeiros que ficaram sem seus escravos e, como a agricultura sustentava o império, a opinião de republicanos e agricultores (que diziam que a monarquia fora sustentada pela escravidão por décadas) pesava bastante.

O fato de Isabel ser agraciada com a Rosa de Ouro, homenagem do Papa Leão XIII à abolição, também foi usado como arma: para a elite, o terceiro reinado era submisso ao Vaticano.
Últimos Dias no BraZil
Em 09 de novembro de 1889, poucos dias antes do golpe militar que instaurou a República no Brasil, a Família Imperial compareceu ao Baile da Ilha Fiscal, o último da monarquia:
"Dançou-se muito no baile da Ilha Fiscal, mas o que os convidados não imaginavam, nem o imperador D. Pedro II, era o que se tramava.”

À mesma hora em que se acendiam as luzes do palacete para receber os milhares de convidados engalanados, os republicanos reuniam-se no Clube Militar, presididos pelo tenente-coronel Benjamin Constant, para maquinar a queda do Império.
"Mais do que nunca, preciso sejam-me dados plenos poderes para tirar a classe militar de um estado de coisas incompatível com sua honra e sua dignidade", discursou Constant na ocasião, tendo como alvo justamente o Visconde de Ouro Preto.

Longe dali, ao lado da Família Imperial, o visconde de Ouro Preto desmanchava-se em sorrisos ao comandar seu suntuoso festim.
A Família Imperial chegou ao cais pouco antes das 10 horas.
D. Pedro II, fardado de almirante, a imperatriz Teresa Cristina e o príncipe D. Pedro Augusto embarcaram primeiro.
Quinze minutos depois foi a vez da princesa Isabel e do conde D'Eu.
Uma vez no palácio, foram conduzidos a um salão em separado, onde já se achavam reunidos membros do corpo diplomático estrangeiro, oficiais e alguns eleitos da sociedade carioca.
O guarda-roupa da imperatriz não chegou a causar impressão especial entre os convidados - um vestido de renda de chantilly preta, guarnecido de vidrilhos.
A toalete da princesa Isabel, no entanto, causou exclamações de admiração pelo luxo e pela beleza.
Ela portava uma roupa de moiré preta listada, tendo na frente um corpinho alto bordado a ouro.
Nos cabelos, carregava um diadema de brilhantes.

- "Como? Embarcar sem meus filhos que ainda estão em Petrópolis? Não sigo sem meus filhos",

Perguntava e protestava em desespero, quase, aos prantos, a princesa Isabel, 43 anos.
Eram 2 horas da madrugada de domingo passado, dia 17.

- Mallet deu garantias à princesa de que um trem especial traria os três garotos - Pedro de Alcântara, 14 anos, Luís Felipe, 11, e Antônio Pedro, 8 - e guardas especiais seriam colocadas em todas as estações. Nem por isso Isabel se acalmava: caiu prostrada numa poltrona e lá ficou. Mallet contava com a simpatia do conde D'Eu, 47 anos, para conseguir que a família imperial embarcasse de madrugada, antes da chegada dos três meninos. Simpatia conquistada quando o conde se insinuou junto ao governo provisório para averiguar como ficaria a situação financeira da família real e os republicanos lhe prometeram uma doação de 5.000 contos de réis. Resolvida a questão dos filhos de Isabel, restava ainda o mais difícil: convencer o imperador a embarcar. Usar a força para forçar o sexagenário e pacato monarca a sair do palácio era recurso que o governo não cogitava.

Mil tronos eu tivesse,
Mil tronos eu daria para libertar os escravos do Brasil
— Princesa Isabel

Na sequência, pouco mais de um ano depois de testemunhar o júbilo popular com a abolição da escravatura, Dona Isabel veria a monarquia no Brasil ser extinta.
Insuflados pelos radicais positivistas e apoiados pelos fazendeiros, os militares depuseram o gabinete do Visconde de Ouro Preto e instauraram uma ditadura republicana.

O livro "Barão de Santo Angelo, O Espírita da Corte" (Editora Lorenz) analisa as motivações do golpe republicano e traz informações importantes sobre as revoltas e ressentimentos pessoais do líder Benjamin Constant contra o Monarca, fator considerado decisivo para a realização da quartelada que ensejou a proclamação da República.

Os chamados "ideais republicanos", na verdade, constituiriam um simples pano de fundo para justificar a insurreição que mudou a forma de Governo em 1889.

Em 17 de novembro de 1889, na madrugada, , Dona Isabel, com 43 anos de idade, seguiu com sua família para o exílio, depois de ter sido expedida, na véspera, uma intimação pelo Major Frederico Solón, o mesmo que houvera espalhado a calúnia, na Rua do Ouvidor, de que Dom Pedro II decretara a prisão de Deodoro da Fonseca e Benjamin Constant, notícia falsa que precipitou o golpe, com a cavalaria na rua.

A madrugada do embarque para o exílio era chuvosa e o mar estava revolto com graves riscos para as embarcações.
Dom Pedro II sofria uma crise aguda do diabetes e embarcou, com dificuldade, amparado por seu médico particular, o Dr. Mota Maia, que com ele seguiu viagem.

Foi nesse contexto dramático que a família real rumou para o exílio sem volta, depois de quase meio século de um Governo de paz e prosperidade, reconhecido pelos historiadores.
Segundo suas próprias palavras, Isabel deixou a pátria aos soluços, sob as ordens e intimações do tenente-coronel João Nepomuceno Mallet, que mais tarde iria insurgir-se contra o próprio Governo Republicano que ele ajudou a instalar.

Não faltou quem quisesse reagir, como foi o caso do Almirante Tamandaré, mas Dom Pedro II recusou qualquer reação e pacificamente deixou o território nacional, para entrar na História.
A República
E o Brasil inaugurou a República sob forte crise, com fechamento do Congresso, banimentos, censura à imprensa, perseguição de jornalistas, autoritarismos. A inflação disparou e a economia entrou em crise.

E assim foi praticamente durante toda a primeira década de República.
Os temores expressos na carta de três meses antes se confirmaram antes de que fosse possível legar aos negros libertos sua cota de justiça.
O Título
Em 05 de dezembro de 1891, D. Pedro II morreu em Paris, e D. Isabel  passou a ser considerada pelos monarquistas imperatriz de jure do Brasil - D. Isabel I.

Sua Majestade Imperial, Dona Isabel I, Por Graça de Deus, e Unânime Aclamação dos Povos, Imperadora Constitucional e Defensora Perpétua do Brasil
A Vida no Exílio
Vida no Exílio, não abandonada
Dona Isabel e o Conde D’Eu, seu marido, foram com as crianças e reduzido grupo de amigos, morar em Eu. Lá o Conde, nascido Príncipe Francês, foi morar com a Família no Castelo D’Eu.

Manteve a vida que tinha no Brasil, matando a saudade com o papagaio paraense que levou e dedicando-se à igreja, ao lar e ao amor incondicional pelo marido. 

Apesar da dor do exílio Dona Isabel teve uma velhice tranquila, instalada no castelo em Eu, na Normandia, propriedade de Gastão de Orléans (Castelo d'Eu). Rodeada pelos filhos e netos fez de sua casa uma embaixada informal do Brasil, em Eu ou em Paris. 

Recebia brasileiros de passagem, com toda simplicidade que tinha no Brasil,
ajudou o jovem Alberto Santos-Dumont quando desenvolvia suas invenções.

Pássou os últimos anos da vida com dificuldades de locomoção.

Nos últimos anos, com dificuldade para se locomover, era empurrada numa grande cadeira de rodas pelos corredores e salões do castelo d’Eu.

Em 1920, teve a felicidade de saber que a lei que bania a Família Imperial do Brasil havia sido revogada pelo Presidente Epitácio Pessoa.
Fim do Banimento
Neste sentido, convém notar, como em todos os processos históricos, houve uma disputa judicial, iniciada logo após o exílio forçado, e durante a qual aconteceram avanços e retrocessos, pareceres favoráveis e desfavoráveis e uma série de constrangimentos pelos quais a Família Imperial teve de passar.

Em 14 de janeiro de 1903, por exemplo, foi julgado um pedido de habeas corpus impetrado pelos republicanos Urbano Sampaio Neves, Olympio Lima e Alberto Veiga:

"Olympio Lima e outros impetram ordem de habeas corpus em favor de Gastão de Orleans, Conde d'Eu, sua mulher Izabel de Orleans e demais membros da ex-dinastia brasileira de Bragança, para que cesse o constrangimento ilegal de que são vítimas, por força do decreto que os baniu do território nacional, e pedem a anulação do citado decreto, alegando que ele foi revogado pela Constituição Federal."

Sobre o habeas corpus, sua elaboração e princípios, o site Histórias e Lendas de Santos afirma:

- A idéia de um habeas-corpus em favor da banida Família Imperial Brasileira nasceu do doutor Urbano de Sampaio Neves, ilustre advogado. Sua ação, como republicano, traduzira-se bem em seus trabalhos de jornalista no ultra-republicano Diário de Notícias. As conclusões a que chegara Urbano Neves são simples e objetivas:

"Somente por ilegalidade, timidez ou indiferença é que a Família Imperial continua no exílio sob a pressão do decreto que a baniu do território nacional; só por estranho capricho, ou revoltante ingratidão, é que se recusa sepultura em terra brasileira ao venerando Monarca que durante meio século dirigiu os destinos deste País".

Urbano Neves levou sua idéia ao doutor Martim Francisco Ribeiro de Andrada - duplamente ilustre, pela ascendência e pelo talento - sugerindo-lhe que requeresse uma ordem de habeas-corpus, já que suas opiniões políticas o aproximavam da Monarquia, já porque a sua comprovada competência jurídica e o prestígio de seu nome dariam àquele recurso as proporções de verdadeiro acontecimento. O doutor Martim Francisco, porém, recusou a idéia.
Escrúpulos de ordem moral e política, que a situação justificava, e porque a seus amigos e correligionários parecia inoportuna qualquer atitude que provocasse, por parte das autoridades republicanas, maiores desabrimentos e intolerâncias, deixava de intentar o recurso sugerido, aguardando melhores tempos e melhores circunstâncias.
Suas idéias eram, porém, francamente favoráveis ao habeas-corpus e, por várias vezes, manifestou-se publicamente a seu favor.
Uma vez que a iniciativa do recurso de habeas-corpus não partia do elemento dinástico, partisse, então, dos republicanos, como afirmação categórica do sentimento de justiça que deve presidir os regimes democráticos. E dessa vez não houve medo, receio, escrúpulo, precaução.
Os dois mais brilhantes redatores de A Tribuna, Olympio Lima, seu fundador, e Alberto Veiga, talvez o mais perfeito estilista da imprensa santista, colocaram-se ao lado de Urbano Neves. E juntos, diante do País e da História, assumiram a inteira responsabilidade desse ato superior e necessário. Isso estabelecido, caberia naturalmente, a Urbano Neves redigir a petição, já que teve a iniciativa da idéia e era dono do conhecimento profissional necessário, mas o advogado preferiu confiar a Alberto Veiga, sob sua assistência quanto à parte jurídica, aquela tarefa.
Sem dúvida alguma, ninguém melhor do que Alberto Veiga, o mais completo redator, o mais perfeito articulista, para redigir o documento.
E igualmente ninguém mais autorizado a ser um aliado naquele trabalho pelo seu caráter, honra e sentimento de justiça, cerrando fileiras junto aos demais, pela causa.

Em 04 de setembro de 1920, foi veiculado sobre a revogação do Decreto de Banimento propriamente dito, a notícia do Jornal O Imparcial, do Rio de Janeiro,

O decreto 4.120, assinado em 03 de setembro de 1920, procurava corrigir uma distorção jurídica, onde uma família brasileira, que não cometera crime algum, fora expulsa do país de maneira arbitrária.

É a historiadora Luciana Peçanha Fagundes, em seu memorável artigo Memórias da monarquia: D. Pedro II no cenário político da década de 20 quem nos descreve as circunstâncias em que se deu esta revogação:

"Enfim, no dia 3 de setembro realizava-se no Salão de Despachos do Palácio do Catete a assinatura do decreto que revogava o banimento da família real. Para assinatura do decreto foi oferecida ao presidente uma caneta de ouro obtida especialmente para a ocasião com dinheiro arrecadado mediante subscrição pública promovida pelo jornal A Rua. A cerimônia foi realizada com a presença de comissões de várias instituições importantes como o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, a Associação Brasileira de Letras e a Associação Brasileira de Imprensa. O decreto é caracterizado como uma “nova Lei Áurea” por Affonso Celso em artigo para o Jornal do Brasil. O presidente do IHGB apontava que a denominação Lei Áurea para a lei assinada naquele dia se devia pelo fato de que, assim como a de 13 de maio, “essa lei repara uma grave injustiça” e também “redime do exílio a excelsa senhora que mereceu o cognome de Redentora”.

A república teria, então inscrito nos anais da história uma “data luminosa semelhante aquela do Império”.

Revogado o banimento são formadas rapidamente duas comissões capitaneadas pelo IHGB, encarregadas de organizar a recepção dos despojos do imperador e da imperatriz.
O Espólio
Além do banimento - por si só um ato autoritário e injustificável - ocorreu um verdadeiro confisco dos bens (particulares) da Família Imperial.
Pouco comentado pela historiografia brasileira é o fato de que praticamente todos os bens e pertences dos Orleans e Bragança foram leiloados:

"No Brasil de 1890 deram-se 13 leilões dos bens da Casa Imperial - objetos, móveis e semoventes. Procederam à avaliação dos móveis, carros, animais e objetos existentes na Quinta da Boa Vista e os vindos do Paço da Cidade o tenente-coronel Costa Ferreira, da parte do Juízo da 2ª Vara de Órfãos e João Teixeira, por parte do dr. José da Silva Costa, procurador de d. Pedro de Alcântara. O Juiz da 2ª vara, dr. Honório Coimbra nomeou para proceder ao leilão o leiloeiro Joaquim Dias dos Santos. Francisco Marques dos Santos, em seu artigo intitulado O leilão do Paço de São Cristóvão, publicado no Anuário do Museu Imperial, vol. 1, 1940, fala dos absurdos, da desordem, da avaliação arbitrária e venda forçada dos bens da família."
O Direito
Dona Isabel e o Conde D'Eu
Dona Isabel teve 4 filhos: Dona Luiza Vitória, Dom Pedro de Alcântara, Dom Luiz Maria e Dom Antonio Gastão. Dona Luiza Vitória natimorta, Dom Pedro de Alcântara renunciou a seus eventuais direitos ao Trono do Brasil, Dom Luiz, Príncipe Imperial do Brasil e Dom Antonio, faleceu muito jovem, então com 28 anos.

Dona Isabel mantinha freqüente contanto com os brasileiros na Europa, mas não só. Ela manteve durante toda sua vida no exílio, correspondências com antigos monarquistas e abolicionistas.

Dom Luiz, o herdeiro, manteve-se da mesma forma. Da França mesmo, publicou manifestos e pronunciamentos ao Povo do Brasil.
A vontade da Família Imperial pela volta à nação brasileira, bem como o apego a nossa terra e por conseqüência a restauração da monarquia e o retorno da ética política, é visível na carta de Dom Luiz a Martin Francisco de Andrada:

[…]"quanto me custa ficar aqui, de braços cruzados, quando penso que um punhado de homens decididos bastaria para arrancar a Pátria das garras dos aventureiros que a exploram." "Ainda não sei qual será a sua atitude na questão das candidaturas. Quanto a mim, julgo ambos os candidatos 'indesejados'; mas a ter de optar, optaria pelo Rui [Barbosa], cujos partidários representam o elemento mais são e de maior prestígio no país. Parece-me mesmo que poderíamos aproveitar o momento para um acordo com os próceres desse grupo, a fim de conseguirmos um esforço comum pela restauração, logo após as eleições presidenciais. Que lhe parece?"

Em 26 de março de 1920, faleceu Dom Luiz, vítima da I Guerra Mundial e de sua heróica atuação.
Falecimento
Exilada, espoliada, com a saúde frágil, extremamente abalada pela morte de dois de seus filhos (Antônio, em 1918, e Luís, em 1920) durante a 1ª Guerra Mundial.

Em 14 de novembro de 1921, aos 75 anos, fechava para sempre "aqueles Olhos cheios de lembranças do Brasil", falecia no exílio a Princesa Isabel, a "Redentora", no castelo d'Eu na região francesa da Normandia, sem nunca mais ter retornado ao Brasil.

Foi sepultada no cemitério local, de onde seria trasladada em 06 de julho de 1953 para um jazigo no Mausoléu Imperial da Catedral de Petrópolis.
Como afirma Nelly Martins Ferreira Candeias:

"A Princesa Isabel conviveu com o predomínio agrário do tempo e declínio dos escravagistas marginalizados pelo golpe fatal da Abolição. Enfrentou a ideologia republicana dos adversários, a extinção da monarquia e as tristezas do exílio."
Herdeiro
O herdeiro do Trono do Império do Brasil no exílio, era então, Dom Pedro Henrique, filho de Dom Luiz, neto da “Redentora”, bisneto de Dom Pedro II, então com 12 anos.
Dom Pedro Henrique, herdeiro dos Imperadores do Brasil

Dom Pedro Henrique, recebeu o apoio do tio, Dom Pedro de Alcântara, e tinha sua mãe como responsável. 

Da Europa, comunicava-se com os monarquistas brasileiros, até que em 1945, findada a II Guerra Mundial e os transtornos causados por esta, veio ao Brasil com sua esposa a Princesa Dona Maria, nascida Princesa da Baviera, vinham do Velho Mundo, com 4 de seus 12 filhos.

No Brasil, Dom Pedro Henrique fundou a Ação Patrionovista, com vistas a restauração da Monarquia.
Dom Pedro Henrique faleceu em Vassouras em 1989, deixando como herdeiro o atual Chefe da Casa Imperial do Brasil, Dom Luiz de Orleans e Bragança.

Atual Chefe da Casa Imperial
Dom Luiz de Orleans e Bragança, atual herdeiro, e Chefe da Casa Imperial do Brasil, vive em São Paulo, mas viaja o Brasil e o mundo com palestras e conferencias, numa atividade incessante para demonstrar os benefícios de uma monarquia moderna, constitucional e parlamentarista.
Em recente manifesto de 13 de setembro de 2009, reafirma sua posição como “de jure” Imperador e defende o povo brasileiro das garras da República Brasileira:
“Não é minha intenção debruçar-me aqui sobre os inúmeros desmandos do regime republicano, que estão à vista de todos, e que não fazem senão ressaltar a inorganicidade de um regime político que, pela violência abrupta, veio truncar essa continuidade benéfica [da monarquia]. Desmandos esses que levam a opinião pública a não ver na classe política a expressão autêntica do que o Brasil pensa e quer.”
A Princesa e a 
Doutrina Espíritaa
Apesar de ser a Princesa Isabel católica praticante, consta de uma carta que Manuel de Araújo Porto-alegre, o Barão de Santo Ângelo, escreveu a seu amigo e professor dos filhos da princesa, Joaquim Manuel de Macedo, que Sua Alteza, um dia, perguntou-lhe: "quem é meu Espírito protetor?".
Manuel de Araújo Porto-Alegre era espírita declarado e se regozijava disso, dedicando-se entusiasticamente à psicografia.
A carta do barão de Santo Ângelo, datada de 25 de dezembro de 1865, com doze páginas manuscritas, foi escrita na cidade de Dresden, na Alemanha, e se encontra arquivada no Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro, tendo sido também transcrita, na íntegra, com análise de seu conteúdo, no livro Barão de Santo Ângelo “O Espírita da Corte”, de autoria de Paulo Roberto Viola, publicado pela Editora Lorenz.
O documento porem nada elucida além de uma curiosidade por parte da princesa. Extremamente religiosa e ligada ao Papa e ao ultra montanismo, colocava-se sempre ao lado da Igreja em diversas ocasiões.

A religiosidade da Princesa e o desejo de seu Pai, o Grande Imperador Dom Pedro II, em ver o Brasil transformado em um estado laico constam do livro Dom Pedro II e a Princesa Isabel, Uma Visão Espírita-cristã do Segundo Reinado, publicação da Editora Lorenz, primeiro livro do gênero lançado no dia 13 de maio de 2008 na Academia Brasileira de Letras.
Posteridade
Em julho de 2006, foi organizado pelo Museu Imperial, IPHAN e Ministério da Cultura, no Museu Imperial – Rua da Imperatriz, 220 – Petrópolis – Rio de Janeiro - um seminário comemorativo do 160º aniversário da Redentora, intitulado A Princesa das Camélias.

Há questões controversas a seu respeito, as quais a historiografia não tem dado conta de esgotar.
Sabe-se que seu pai, por mais que a amasse, não a fez participar da vida política, até tornar-se ela regente por ocasião da primeira viagem do imperador ao estrangeiro.
Seu catolicismo intenso fez que alguns temessem que, no poder, ela subordinasse a política a considerações ultramontanas.
Mas essas afirmativas constituem meras especulações, pois não há fatos fidedignos que possam justificar essa preocupação.
Na verdade, como não se tinha nada para acusar a Princesa Redentora - detentora de reconhecidas virtudes morais e culturais - valiam-se os republicanos e radicais de sua crença para tentar desqualificá-la.
Isabel foi Princesa Regente numa época em que a mulher ainda não se houvera emancipado socialmente, sofrendo discriminações hoje repudiadas por consenso geral.

Prova de habilidade política a Princesa deu ao exonerar o Gabinete Cotegipe para colocar em seu lugar o Conselheiro João Alfredo.
Nessa ocasião trabalhou com habilidade junto ao Parlamento do Império para que a escravidão fosse definitivamente erradicada da vida brasileira.

Prova de sua eficiência política foi o resultado vitorioso da votação que aprovou a Lei Áurea, depois de décadas de lutas em vão.

Diz-se que o próprio marechal Deodoro da Fonseca, que depôs a monarquia, admitia a república para depois da morte de D. Pedro II. Esse fato, entretanto, simplesmente denota o respeito que o marechal nutria pelo Imperador.

Em outras palavras, muitos queriam que D. Pedro II reinasse em paz até o fim da vida, mas não admitiam que houvesse uma Dona Isabel I.
Na verdade, interesses pessoais e corporativos - e não ideais republicanos propriamente dito - que conspiravam para o fim da Monarquia, não tinham interesse que a Princesa Redentora assumisse o trono e então espalhavam injúrias para denegrir a imagem de Isabel junto à opinião pública, coisa que os escravocratas contrariados e republicanos radicais de plantão sabiam fazer como ninguém... Este foi o caso do Conselheiro Saraiva quando disse ao Imperador, lá em Petrópolis, que "o Reino de Isabel não era deste mundo", numa zombaria deselegante à fé que a Princesa nutria pelo cristianismo.

Essa análise, que trata do contexto que envolveu os últimos tempos da Monarquia constam do livro "Dom Pedro II e a Princesa Isabel", publicação da Editora Lorenz.

Para os contemporâneos, especialmente os militares e fazendeiros, a compreensão de Isabel do próprio papel como governante do país seria inspirada pelo catolicismo ou então ela seria um fantoche nas mãos do marido. Esta postura, machista e preconceituosa, era encampada por grande parte da imprensa:
"Isto leva a imprensa a publicar avaliações sobre a última regência de Isabel, sendo que estas são absolutamente contrastantes em alguns aspectos, dependendo da orientação política dos periódicos.

A análise dessas avaliações nos levou a concluir que havia um consenso, ao menos na imprensa, de que o afastamento do Barão de Cotegipe, a escolha de João Alfredo e a abolição se fizeram por ação direta da Princesa, e que, estando D. Pedro II no trono, ela talvez não ocorresse naquela hora e muito menos da forma que foi feita, sem indenização.  Isso é o provável motivo que, ao fim de sua regência, levava a imprensa abolicionista a exaltar seu ato e a não abolicionista a culpá-la pela sua insatisfação e pelas consequências que dela adviriam.

No entanto, apesar ter suas virtudes e qualidades morais muitas vezes exaltadas, todos foram unânimes em considerar Isabel sem condições de governar, permanecendo a imagem de que a uma mulher cabe exercer seu papel exclusivamente na vida privada. Sua religiosidade e a idéia de que ela era facilmente influenciável, em especial por seu marido o Conde D’Eu, também continuavam a aparecer para todos como um problema agravante.
Outro fator que ficava evidente era a debandada da classe agrária em direção ao movimento republicano e a organização deste, cada vez mais eficiente.

Quando finda a terceira regência da Princesa, o republicanismo já havia se espalhado.

Em relação às afirmações da imprensa da época, dos primeiros republicanos e da unanimidade da historiografia brasileira, tanto positivista quanto marxista, até bem recentemente, podemos usar como contraponto a argumentação de Rachel Aparecida Bueno da Silva:

"Na verdade, passados mais de 100 anos da Proclamação da República, podemos nos questionar o quanto de ideológico existia nas colocações dos primeiros republicanos, imbuídos que estavam da vontade de consolidar um regime recém inaugurado e prover a devida justificativa teórica para a mudança da forma e do sistema de governo: de monárquico para republicano e de parlamentar para presidencialista."

Descendência da Princesa
D. Luísa Vitória de Orléans e Bragança;
D. Pedro de Alcântara de Orléans e Bragança;
D. Luís Maria Filipe de Orléans e Bragança;
D. Antônio Gastão de Orléans e Bragança.

Curiosidades
- Documentos nunca antes analisados foram minuciosamente estudados por Robert Dalbert, também historiador, incluindo cadernos de estudo e escritos de sua infância e juventude. Neles são observados, além da influência religiosa, críticas ao socialismo e à redistribuição de dinheiro proposta pela doutrina, e sua visão sobre as máquinas a vapor, engrandecendo o “maravilhoso dom” que devemos agradecer a Deus. Reis e rainhas medievais canonizados pela Igreja eram tomados como modelos, e sua concepção de “governante ideal” era aquele que obedecia aos preceitos da Igreja, tendo mantido correspondência ativa com o Papa Leão XIII.

- Durante suas três regências tomou medidas importantes para o bem social, como por exemplo, a reformulação dos Correios.

- A Princesa Isabel foi a primeira governante brasileira a ter toda sua vida registrada em imagens, graças à invenção do daguerreótipo, o precursor da máquina fotográfica.

- Isabel foi a única mulher a ocupar a Chefia de Estado, no continente americano, no século XIX, pois foi Regente do Império do Brasil em três ocasiões, as quais somadas totalizam mais de três anos, quando substituiu seu pai, o Imperador Dom Pedro II. Ainda hoje, depois do golpe militar que instaurou a República, nenhuma mulher chegou a ocupar o cargo de Presidente do Brasil.

- A princesa Isabel e conde D'Eu, batizaram Luiz Gaston Bussmeyer, filho do alemão Hugo Bussmeyer, mestre da Capela Imperial. Seus descendentes Luiz Gaston Bussmeyer Junior casado com Nair Castilho Bussmeyer tiveram 3 filhos: Katia Castilho Bussmeyer, Karen Castilho Bussmeyer e Erik Castilho Bussmeyer.
Personagens da TV e Cinema
A princesa Isabel já foi retratada como personagem no cinema e na televisão, interpretada por:
Ana Lúcia Torre na novela "Memórias de Amor" (1979), 
Tereza Raquel nas minisséries "Abolição" (1988), 
"República" (1989), 
Miriam Mehler no seriado "Mundo da Lua" (1991), 
Irene Ravache na novela "Sangue do Meu Sangue" (1995), 
Rosamaria Murtinho na minissérie "Chiquinha Gonzaga" (1999), 
Carolyna Aguiar no especial de fim de ano da TV Globo "O Natal do Menino Imperador" (2008).

Também teve sua efígie impressa nas notas de Cr$ 50,00 (cinqüenta cruzeiros) de 1949 e nas de Cr$ 200,00 (duzentos cruzeiros) de 1981.

Ao longo dos anos, a imagem da princesa brasileira, que por três ocasiões ocupou o lugar do pai, mudou bastante – conforme o ponto de vista do observador.

- Para os republicanos, ela ocupou um papel insignificante.

- Para os monarquistas, foi elevada a um posto acima do bem e do mal.

Por ter assinado a Lei Áurea, Isabel tornou-se uma das personagens mais conhecidas da história do Brasil. 
Líderes da Abolição Pacífica
Joaquim Nabuco, pernambucano, intelectual e grande orador, nasceu em 1849 na elite imperial do Recife. Era filho de senador e seguiu a carreira de político como deputado. Na Câmara, defendeu o fim do regime escravocrata no Brasil. Monarquista, afastou-seda política com a República. Foi embaixador nos Estados Unidos e co-fundador da Academia Brasileira de Letras.

Antonio Bento, rico e filho de fazendeiros, tornou-se abolicionista fanático, não apenas libertando os escravos da fazenda de sua irmã, mas criando um grupo radical, os Caifazes, que passou a invadir fazendas e articular fugas em massa de centenas de escravos. Matriculou-se na Faculdade de Direito do Largo São Francisco em 1864, formando-se em 1868. Foi promotor público das cidades de Botucatu e Limeira. Juiz na cidade de Atibaia foi o responsável pela libertação dos escravos negros contrabandeados depois de 1831 para esta cidade. Foi o principal organizador do quilombo do Jabaquara, localizado em Santos, para onde foram levados mais de 10 mil escravos cuja fuga ele mesmo ajudou a organizar.

André Rebouças, nasceu em 1838, no meio da revolta baiana Sabinada. Neto de escrava alforriada, estudou no Rio de Janeiro e na Europa, formou-se engenheiro e ajudou a criar a Sociedade Brasileira contra a Escravidão. Monarquista, foi exilado com a família real. Em 1898, na Ilha da Madeira, com dívidas e depressão, suicidou-se.

José do Patrocínio, filho de um cônego e de uma escrava alforriada, nasceu em Campos (RJ), em 1853. Formou-se em Farmácia, mas foi no jornalismo que desenvolveu seu maior talento. Fundou o jornal Cidade do Rio e militou pela libertação dos escravos, ajudando até em fugas. Com a República, saiu da política e foi morar no Amazonas, onde morreu, em 1905.

Rui Barbosa, baiano de Salvador, Rui Barbosa exerceu as mais variadas atividades profissionais. Foi advogado, jurista, jornalista, ensaísta, orador, diplomata, deputado, senador, ministro e candidato a Presidente da República duas vezes. Assim como Joaquim Nabuco, estudou Direito em Recife e em São Paulo, mas foi no Rio de Janeiro que abraçou a causa da abolição. Sua participação na luta contra a escravidão foi uma das manifestações de seu amor ao princípio da liberdade – todo tipo de liberdade. E, justamente por defender a liberdade, foi exilado, em 1893, por discordar do golpe que levou Floriano Peixoto ao poder. Destaca-se em sua biografia sua passagem como presidente da Academia Brasileira de Letras, substituindo Machado de Assis, e o grande prestígio de ser eleito Juiz da Corte Internacional de Haia.

Luís Gama, filho de uma miscigenação de cores – seu pai era um fidalgo português empobrecido, e sua mãe negra africana livre que sempre recusou o batismo e a doutrina cristã – foi o nome mais emblemático do movimento abolicionista. Aos 10 anos foi vendido ilegalmente como escravo pelo próprio pai. Levado para o Rio de Janeiro e, mais tarde, para Santos, fugiu da casa de seu “dono”, foi soldado, jornalista, poeta e, por fim, advogado. Iniciou, então, monumental batalha judicial, conseguindo a libertação de mais de 500 escravos, baseando-se na lei de 1831, segundo a qual todos os africanos entrados no país depois de 7 de setembro daquele ano eram livres.

Silva Jardim, ele era um abolicionista radical, disposto a burlar qualquer expediente jurídico que barrasse a libertação dos escravos. Para ele, a lei da abolição deveria ter – como de fato teve – apenas dois artigos.

“A questão se resolveria assim:
O primeiro artigo diria: fica abolida a escravidão no Brasil;
E o segundo, pedimos perdão ao mundo por não tê-lo feito há mais tempo”.

- Silva Jardim foi responsável pela fuga de dezenas de escravos de fazendas paulistas.

http://www.miniweb.com.br/cidadania/Personalidades/princesa_isabel.pdf

A Primeira Regência

Foto: 
O homem branco é o senhor, dono, proprietário dos cinco outros homens negros e mulatos. Os outros se encontram atrás. O primeiro à esquerda do senhor é mulato, está bem vestido. Ao contrário dos outros, deixou o cabelo meio liso crescer, penteou-o, fez uma risca no lado esquerdo, como o seu senhor. Mas não pode usar sapatos, privilégio e marca distintiva dos livres e libertos.
Tirar fotografia era uma operação demorada. Ninguém podia se mexer durante quase dois minutos. Outras tentativa já podiam ter falhado. O fotógrafo Militão, que fez essa foto em São Paulo, deve ter reclamado. Por isso ou por outras razões mais secretas, o senhor está zangado, de cara amarrada. O escravo situado à sua direita, assustado, encolheu-se. Na extrema esquerda, o homem com a varinha na mão - pastor de cabras ou de vaca leiteira na cidade - tem um olhar altivo, talvez porque traga nas mãos o objeto de seu ofício, que o distingue dos outros cativos, paus para toda obra. Na extrema direita, o homem de branco se mexeu: estragou a foto da ordem escravista programada pelo seu senhor. Vai apanhar. No seu rosto fora de foco vislumbra-se o medo. Vai apanhar.


Lista de sexagenários a serem libertos pela Lei.
Citou em 30 de setembro de 1885 – Antônio José Victorino de Barros – Registrada. Publicada na Secretaria de Estado dos Negocias da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, em 1° de outubro de 1885 – Amarilio Olinda de Vasconcellos.



Referências:

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↑ FILGUEIRAS, Carlos A. L. - A Química na Educação da Princesa Isabel; Química Nova, Vol. 27, No. 2, 349-355, 2004; disponível on-line in: http://quimicanova.sbq.org.br/qn/qnol/2004/vol27n2/30-AG03120.pdf
↑ FALAS do trono desde 1823 até o ano de 1889. Brasília, D.F.: INL/MEC, 1977, p. 438.
↑ SCHWARCZ,Lilia Moritz, As barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo-SP,Companhia das Letras, 2ª ed., 2003, p. 441
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↑ Veja na História, Festança sobre o Vulcão.
↑ Portal do Direito - Banimento da família imperial.
↑ Histórias e Lendas de Santos.
↑ O Imparcial, in: Revista Trimestral
↑ Memórias da monarquia: D.Pedro II no cenário político da década de 20.
↑ REFLEXÕES SOBRE O ARQUIVO DA FAMÍLIA IMPERIAL E O PAPEL DE D. PEDRO II NA SUA FORMAÇÃO.
↑ ISABEL E O FIM DO IMPÉRIO.
↑ "Espiritismo na Academia Brasileira de Letras". Espiritismo.net. Abril de 2008.
↑ MESQUITA, Maria Luiza de Carvalho - Quem tem medo do terceiro império ou por que não Isabel?(Simpósio de Política e Cultura da Universidade Severino Sombra – Vassouras), disponível em: http://www.uss.br/web/arquivos/textos_historia/Maria_Luiza_Quem_tem_medo_do_terceiro_imperio_ou_por_que_nao.pdf
↑ SILVA, Rachel Aparecida Bueno - O projeto de construção da nação republicana na visão de Euclides da Cunha (tese de mestrado, UNICAMP, 2004), pp.15-16, disponível em: http://libdigi.unicamp.br/document/?code=vtls000317694


Camélia Branca

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VIOLA, Paulo Roberto (org.). Bezerra de Menezes - O Abolicionista do Império. São Paulo: Ed. Lorenz

4 comentários:

  1. Parabéns, um ótimo trabalho só não entendi uma coisa.Vlw

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  2. Parabéns!!!
    Maravilhoso artigo.

    Esses artigos do Brasil Imperial sempre me chamaram a atenção.

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  3. Parabéns , ótimo trabalho . Gostaria de saber qual o espírito evolutivo que protegia a Princesa Izabel . Muito obrigada

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