Paço Imperial
Praça Quinze de Novembro, 48.
- Poucos endereços na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro
se comparam em importância quando o assunto é História do Brasil.
- Esta região conhecida, nos primórdios da ocupação das
terras da cidade do Rio de Janeiro, como Praia da Piaçaba.
- Foi denominada, originalmente, de Largo do Terreiro da
Polé, Largo do Carmo, Praça do Carmo, Terreiro do Paço e Largo do Paço.
- Após a Independência do Brasil, passou o Paço da cidade, a
ser palco dos principais acontecimentos políticos e sociais da Corte, entre
eles a aclamação de D. João VI, como soberano do Reino Unido de Portugal,
Brasil e Algarves.
Nomes Anteriores:
- Armazém d'El Rey
- Casa dos Governadores
- Paço dos Vice-Reis
Nomes Alternativos:
- Palácio do Rio de Janeiro
- Paço do Rio de Janeiro
Estilo dominante: Colonial
Engenheiro: José
Fernandes Pinto Alpoim
Início da construção: 1738
Fim da construção: 1743
Local: Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Endereço atual: Praça XV de Novembro, 48 – Centro - RJ
Coordenadas: 22° 54' 12.63" S 43° 10' 27.24" O
Praça XV Vista em 1818 por Debret em Comparação com Situação
em 2012
Na primeira metade do século XIX, ao tempo de D. João VI, Jean-Baptiste Debret pintou uma cena que imortalizou para sempre um
período da história do Brasil, da vida urbana, da arquitetura e da cidade do
Rio de Janeiro.
A cena vista no topo desta página mostra o então Largo do
Paço retratado em 1818. Muitas das antigas construções que aparecem na cena
continuam a figurar no cenário da atual Praça XV.
Do lado esquerdo vemos o Paço Real (antigo palácio dos
Vice-Reis), que posteriormente seria chamado Paço Imperial, ao fundo o antigo
convento do Carmo na Rua Primeiro de Março, a Antiga Sé e a Igreja da Ordem
Terceira do Carmo, também na Primeiro de Março.
Do lado direito vemos as antigas construções coloniais,
destacando-se o Arco do Teles que se abre para a também rua secular, a Travessa
do Comércio.
Largo do Paço, inicio século XX
Em primeiro plano, vemos o Chafariz da Pirâmide, de autoria
de Mestre Valentim, que chamava atenção à época quase ao centro do Paço, antes
dos aterros subsequentes que o afastaram do mar. Este chafariz provinha água
aos navios e marinheiros.
De ambos os lados do chafariz, são vistos ancoradouros com
degraus, onde os barcos de tamanho menores aportavam, se comunicando com os
grandes veleiros que chegavam ao Rio de Janeiro, para transporte de passageiros
e carga, já que não havia um porto de grande porte.
A Rua Primeiro de Março era chamada de Rua Direita, e nesta
época o Largo do Paço era o ponto mais movimentado do Rio de Janeiro,
juntamente com a Rua Direita. A construção que aparece parcialmente do lado
direito do Paço Real, era o teatro o Teatro São Januário.
Construído no século XVIII para residência dos governadores
da Capitania do Rio de Janeiro, passou a ser a casa de despachos,
sucessivamente, do Vice-Rei do Brasil, do Rei de Portugal, Brasil e Algarves Dom João VI e dos imperadores do
Brasil.
O Paço em desenho de Moreau e Buvelot de 1842 onde já aparece
a platibanda de inspiração néo-clássica do lado direito do prédio
Século XVI a XVIII
Do século XVI até meados da
década de 1770, com a construção do Cais do Valongo, foi o principal
ponto de desembarque de escravos africanos na cidade do Rio.
Casa dos Governadores
No ano de 1733, começa a
história do edifício, quando o governador e capitão-general do Rio de Janeiro Gomes Freire de Andrade (1733-1763),
Conde de Bobadela, pede ao rei D. João V,
de Portugal, licença para edificar uma casa de governo no Rio de Janeiro, Sua
intensão era construir uma nova Casa dos Governadores para sediar o Governo das
capitanias do Rio de Janeiro e São Paulo.
- Insatisfeito com a casa onde morava na Rua Direita, atual
Primeiro de Março, Gomes Freire
solicitou um alojamento mais condizente com a importância do cargo, sendo
atendido. Até sua morte, 20 anos depois, o prédio foi sede da Capitania do Rio
de Janeiro.
- Coube ao brigadeiro e engenheiro militar português José Fernandes Pinto Alpoim edificar o
novo prédio no local em que funcionavam, desde 1699, a Casa da Moeda e o Armazém
del Rey, onde eram guardados carregamentos de sal e de açúcar.
- A obra foi uma novidade porque, até então, as moradias
eram invariavelmente construídas no alto dos morros.
- A população se referia à praça como Terreiro da Polé, nome
popular do pelourinho, mas também como Largo do Carmo, em referência ao
Convento do Carmo, de 1619, que existe até hoje, na esquina da Avenida Primeiro
de Março com Rua Sete de Setembro.
Cerca de 1738, começa a
construção do edifício, seguindo o projeto de José Fernandes Pinto Alpoim, no Largo do Carmo (ou da Polé), atual
Praça XV de Novembro, no centro da cidade colonial.
- Porém Alpoim aproveitou os edifícios que já existiam no
local, acrescentou mais dois pisos novos com janelas com pequenas sacadas e
molduras de vergas curvas, na época uma novidade no Brasil, e esta reforma
resultou em uma sóbria e bela construção em alvenaria caiada de branco.
- As janelas receberam moldura de pedra de cantaria e vários
pátios internos interligavam os prédios e por ali se fazia a circulação.
- A entrada principal recebeu uma bela portada de mármore de
lioz que dava acesso ao piso superior por uma bela escadaria. Seu aspecto
imponente a destacava das outras edificações vizinhas, o que fez com que em
pouco tempo, o prédio se convertesse num centro da política local e regional.
Curiosidade:
- Na frente do Museu Imperial há um piso
especial, feito na época, para que as carruagens ali chegassem pudessem frear
com mais facilidade.
Em 1743, a nova Casa dos Governadores
foi concluída, e o prédio tinha o aspecto de uma casa senhorial portuguesa,
cujas feições se sobressaíam às dos sobrados existentes no Largo do Carmo.
- A fachada dava para o mar e a lateral para o Terreiro da
Polé.
Nota:
- Foi o primeiro imóvel da cidade a ter
vidros nas janelas.
- Aproximadamente na mesma época o Largo sofreu outras
intervenções urbanísticas importantes, com a construção das casas de Telles de Menezes do lado oposto ao do
Paço (também projetadas por Alpoim)
e a inauguração de um chafariz, trazido de Lisboa (Portugal), no centro do
largo.
Nota:
- Até 1808 a Casa da Moeda e o Real Armazém
continuaram a funcionar no térreo.
Paço
dos Vice-Reis
Em 1763, com a transferência da sede do Vice-Reino do Brasil de Salvador (Bahia) para o Rio de Janeiro, a Casa dos Governadores passou a ser a casa de despachos do Vice-Rei, o Paço dos Vice-Reis, assim ficando até 1808.
- O primeiro deles, Dom
Antônio Álvares da Cunha, era famoso pela tirania contra os adversários. É
dessa fase a construção do cais.
Em 1789, no governo do vice-rei Dom Luís de Vasconcelos, foi
construído e inaugurado o Chafariz do Mestre
Valentim que é até hoje um dos símbolos da praça. Sua função era abastecer
com água, além da população, as embarcações que ancoravam perto da praça.
Século XIX
Paço Real
- Primeiramente, é importante ressaltar que o então Príncipe regente D. João e a sua
família partiram de Portugal em direção ao Brasil em novembro de 1807, em
virtude da incursão militar que Napoleão
Bonaparte realizava ao território peninsular.
Em março de 1808, com a
chegada ao Rio de Janeiro da Família Real Portuguesa, o nome mudou novamente,
para Paço Real, e o endereço se tornou sede administrativa do Reino Unido do
Brasil, Portugal e Algarves, era a partir do Paço que administrava-se o Brasil,
Portugal, os domínios lusos na África e na Ásia, bem como o atual Uruguai,
transformado, em 1821, em Estado Cisplatino Oriental, como parte da monarquia
portuguesa.
- Antes da mudança para o Paço de São Cristóvão, os membros
da família do Príncipe regente Dom João
ocupavam apenas o andar térreo.
- No piso superior ficavam os alojamentos dos fidalgos da
corte. Como a comitiva era numerosa, contando cerca de 15 mil pessoas, foram
requisitadas acomodações também no Convento do Carmo.
- As celas dos frades carmelitas eram ocupadas pela mãe de D. João, D. Maria I e suas damas, enquanto o prédio da Casa de Câmara e
Cadeia Pública, onde hoje fica o Palácio Tiradentes, ficou destinado a
acompanhantes e criados. Ambos os prédios eram ligados ao Paço por meio de
pontes elevadas, chamadas de passadiços.
- O Paço sofreu obras de adaptação, tendo sido acrescentado
um novo andar central à fachada voltada para a Baía da Guanabara. Os interiores
foram redecorados e o Paço ganhou uma Sala do Trono, onde ocorria a tradicional
cerimônia do Beija-mão.
- Também se construiu um passadiço ao vizinho Convento do
Carmo, onde se instalou a Rainha D.
Maria I.
- O Príncipe Regente
D. João foi residir na Quinta da Boa Vista, e a Princesa Carlota Joaquina, em uma casa em Botafogo.
O Largo do Paço
O Largo
do Paço Descrito por Debret
- Em seu livro lançado em Paris, após seu retorno à França, Jean Baptiste Debret descreve sua
estada no Brasil e o que aqui viu, num livro ilustrado com várias pranchas.
Abaixo o relato de Debret sobre o Largo do Paço, cujos originais se encontram
em seu livro "Viagem
Pitoresca e Histórica ao Brasil", no com tradução é de S. Milliet.
D. João
VI, ocupa o Paço do Vice-Rei, agora Paço Real
Depois
muda-se para São Cristóvão
"O Príncipe regente D. João VI, timidamente refugiado no Rio de
Janeiro, habitava a contragosto o palacete do vice-rei, situado quase no centro
da cidade e que fora antes a Casa da Moeda; por isso, logo se apressaram em
satisfazer seus desejos oferecendo-lhe a chácara de São Cristóvão, a três
quartos de légua da capital, para que fizesse dela sua residência habitual. E o
palácio do vice-rei, outrora tão frequentado, tornou-se apenas um edifício de
luxo, utilizado pela Corte, durante algumas horas, nos domingos e dias de
beija-mão. "
Dona
Carlota e D. Pedro continuam a residir no Paço Real
- Entretanto, a Princesa
Carlota, esposa do Regente, especialmente encarregada da educação de suas
filhas, não deixou a cidade e ocupou permanentemente os aposentos que lhe eram
reservados no centro da fachada lateral do palácio, do lado da grande praça.
-Seguindo o exemplo, o jovem Príncipe D. Pedro ocupou, com o seu preceptor, o pequeno edifício
que termina essa mesma fachada do lado da Capela Real.
Aposentos,
Sala do Trono, e Eventos Importantes no Paço Real
- A Sala do Trono, instalada no canto da fachada principal,
do lado do mar, é iluminada pelas duas últimas janelas à direita do espectador
e pelas quatro outras que dão para a grande praça. Os aposentos de honra ocupam
o resto da mesma fachada principal.
- Durante o reinado de D.
João VI, a última janela à esquerda abria-se para a capela particular do
rei. Posteriormente, esse cómodo foi anexado aos aposentos da Imperatriz,
paralelos à Sala do Trono.
- Os aposentos do Imperador ocupam todas as janelas do
centro. É no balcão do meio que aparece o Imperador. Foi daí também que D. Pedro anunciou ao povo a
Independência do Brasil reconhecida por Portugal, e a ratificação da suspensão
do tráfico dos negros.
- Mas foi ao contrário, da segunda janela que dá para a
praça, na qualidade de vice-rei, que anunciou a aceitação da constituição
portuguesa, enquanto o Rei D. João VI,
sozinho na primeira janela do mesmo lado sancionava em voz alta o que o filho
dizia, com as seguintes palavras: "Sou por tudo o que acaba de dizer o meu filho";
foi essa a última vez que o Rei apareceu às janelas do palácio do Rio de
Janeiro.
- Foi ainda desse mesmo balcão que, mais tarde, o Príncipe Real D. Pedro, nomeado Regente
com a partida da Corte para Lisboa, notificou o povo de que aceitava o título
de defensor perpétuo ao Brasil, comprometendo-se a residir no país.
- Finalmente, o povo e os estrangeiros podem ter a certeza
de ver a família imperial ocupar sucessivamente todas as janelas nos dias de
festa, quando as procissões fazem a volta do largo antes de entrar na Capela
Imperial.
Passadiço
comunicava o Paço Real com o Teatro São Januário
- No tempo do vice-rei, uma passagem coberta, à altura do
primeiro andar do palácio, comunicava uma das janelas do lado esquerdo do
edifício com a sala de espetáculos, construída no edifício colocado no ângulo
oposto da rua que o isola desse lado. Esse pequenino teatro, mesquinho de todos
os pontos de vista, era o único que a cidade do Rio de Janeiro possuía. Foi
suprimido em 1809 e substituído por uma enorme sala, que ainda existe hoje no
Largo do Rocio, com o título de Teatro Real de São João.
O Convento do Carmo se tornou
anexo
Ao Paço Real ligado por um
passadiço
- Toda a parte do fundo da praça, constituída pelo antigo
Convento do Carmo e sua capela claustral, foi utilizada como anexo ao palácio
do rei por ocasião da chegada de D. João
VI ao Rio de Janeiro. O ângulo de que foi desenhada a vista esconde ao
espectador a passagem sustentada por duas arcadas e praticada à altura do
primeiro andar do palácio e que se destina a atravessar a distância que separa
o palácio do grande edifício onde um corredor conduz às tribunas, dispostas na
Capela Real para os príncipes e seu séquito.
- O segundo andar, reservado ao serviço do palácio, é
dividido em pequenos aposentos para as pessoas da Corte. No andar térreo e nos
pátios, colocaram-se as dispensas, as cozinhas e os aposentos da criadagem
empregada no serviço de boca, bem como no transporte das provisões.
A
Igreja do Carmo se torna Capela Real e recebe melhoramentos
- O frontispício da Capela do Carmo, ainda inacabado em
1808, foi simulado com tábuas para coroar provisoriamente o pórtico da nova
capela real, sendo substituído mais tarde, em 1823, por um frontispício muito
rico, solidamente construído e com as armas imperiais fundidas em bronze.
Deve-se a essa restauração da Capela Imperial a construção de uma nova
escadaria muito mais apresentável, com uma grade de ferro em lugar da antiga
balaustrada de madeira de bastante mau gosto.
Nota:
- Em 1816, quando
a rainha dona Maria I faleceu, no
antigo prédio do Convento do Carmo, o então Largo do Paço foi o palco onde se
desenrolou o funeral real. Com os cariocas todos vestidos de negro, o corpo
saiu solenemente do paço, para ser depositado no Convento da Ajuda.
- Dias depois,
aconteceram, na praça e em outros locais determinados da cidade, as cerimônias
protocolares da morte de um reinante, a única vez que foram executadas em todo
o continente americano.
- Em 1817, foi construído o terceiro pavimento,
ainda restrito ao lado da fachada voltada para o mar, que passou a ser
destinado apenas ao rei e, mais tarde, aos imperadores.
- Após a mudança para
a Quinta da Boa Vista, D. Carlota
Joaquina, que não se entendia bem com o marido, D. João, preferiu permanecer com as filhas no Paço.
- No entanto, os
despachos administrativos e as festividades importantes, como a aclamação de D. João VI a rei, em 1818, ou a
recepção à D. Leopoldina para o
casamento com o príncipe D. Pedro,
continuaram ocorrendo no centro da cidade.
Nota:
- Nessa época, as paredes externas do prédio
ostentavam a cor amarela do Império, e na fachada se destacavam os balcões de
ferro pintados de dourado.
- Em fins de 1818, acrescentou-se ao carrilhão da
Capela Real um belo sino grande, cujo som grave se ouve muito bem do palácio de
São Cristóvão. Esse belo sino, fundido no Rio de Janeiro, foi solenemente
batizado na Capela Real com toda a pompa exigida pela presença do Rei, seu
ilustre padrinho. Derrubaram-se as duas pequenas arcadas do andar superior da
Torre da capela, para se construir uma única, proporcional ao novo sino.
Lojas
Finas, Armazéns e Hospedarias do lado direito do Largo do Paço, do lado do Arco
do Teles
- Toda a parte esquerda da praça, formada por uma série de
casas uniformes, solidamente construídas, era, por ocasião de minha chegada,
habitada em grande parte por negociantes portugueses fornecedores da Corte, e
empregados particulares do Rei; mas, já em 1818, com a afluência dos
estrangeiros, vários proprietários transformaram os portões em lojas,
alugando-as a uns franceses donos de cafés, que logo utilizaram o primeiro
andar para bilhares e mais tarde o resto do edifício para casas de comodos.
- Elegantes tabuletas bem pintadas e vitrinas com colunas de
mármore, vindas de Paris, enfeitam hoje esses estabelecimentos procurados pelos
estrangeiros que desejam passar um momento na cidade ou se hospedar de modo a
comunicar-se facilmente com seus navios.
- Vê-se, no mesmo lado, uma galeria (passagem muito
frequentada) que conduz a pequenas ruas muito antigas, onde se encontra o tipo
primitivo do albergue português, cujo balcão se orna de uma enorme lanterna de
zinco enfeitada com folhagens do mesmo metal e artisticamente pintada de cor de
rosa ou verde. A lanterna encima um braço de ferro ao qual se suspende uma
tabuleta donde se destaca, em fundo branco, a efígie colorida de um animal cujo
nome se inscreve ainda em baixo, nos seguintes termos: "isto é um gato, um leão, uma
cobra," inscrição ingénua que bem demonstra a ingenuidade do
quadro (sobre o Arco do Teles).
- Essas hospedarias destinadas aos habitantes do interior e
situadas perto dos lugares de desembarque, comportam armazéns para depósito
provisório das mercadorias e se assemelham bastante às da Itália. Vê-se na
cidade o mesmo genero de tabuleta, sem a lanterna, à porta das casas de pasto.
- Todo o andar térreo das casas do lado do mar é ocupado por
armazéns de secos e molhados, ao passo que a outra extremidade dessa face, que
forma o começo da Rua Direita (verdadeira rua Saint Honoré, de Paris) é ocupada
pelas lojas dos ricos negociantes do Rio de Janeiro.
Chafariz
da Pirâmide e antigo cais
- O chafariz luxuoso que decora o cais do Largo do Palácio,
destina-se não somente ao abastecimento de água do bairro mas ainda ao dos
navios ancorados na baía; escadarias paralelas, abertas de ambos os lados do
maciço avançado que lhe serve de base, constituem dois pontos de desembarque,
pouco frequentados porém; à esquerda vemos o mais belo trecho desse cais, sobre
o qual, de longe, parece assentar a fachada do palácio e cuja escadaria aqui
visível é a da direita; a escadaria da esquerda, que não se vê na prancha, não
passa a bem dizer de um declive suave, ponto de desembarque efetivo, conhecido
pelo nome de rampa do Largo do Palácio, onde as pirogas não têm o direito de
acostar.
Nota:
- Observe que, o Chafariz da Pirâmide, obra
de Mestre Valentim ao centro, ficava
rente ao mar nesta época. As escadarias chegavam nos bancos de areia que
formavam o que restava de praia naquela época. Do lado direito vemos o Paço
Real e do lado esquerdo o Arco do Teles. Ao fundo da esquerda para a direita,
na Rua Primeiro de Março, antiga Rua Direita, vemos o antigo Convento do Carmo,
a Igreja do Carmo e Igreja da Ordem Terceira.
Cais de
retorno de D. João VI e Corte em 1821
- Foi nessa rampa que, a 16 de Setembro de 1815, se
imprimiram os primeiros passos da Corte de Portugal; ponto de desembarque em
que, mais tarde, a 22 de Abril de 1820, iriam também se imprimir os últimos
passos da Rainha Carlota e suas três
filhas; mas esses vestígios logo seriam apagados pela multidão de portugueses
apressados em voltar para Lisboa.
Referências Bibliográficas e Iconográficas
- Viagem
Pitoresca e Histórica ao Brasil, de Jean Baptiste Debret.
Era abril de 1821, D. João permaneceu por 13 anos no Rio
de Janeiro, quando retornou a Lisboa (Portugal), e deixando no Novo Mundo o
herdeiro de sua coroa, o Príncipe D.
Pedro, que proclama a Independência do Brasil no ano seguinte, tornando-se
o primeiro imperador brasileiro.
Nota:
- Aponta-se que no período em que D. João esteve no Brasil, mais
especificamente em 1818, ele foi aclamado rei, sob o título de D. João VI.
- Observa-se que este foi o único monarca de
uma Casa Real europeia a receber sua coroa na América e, do mesmo modo, o Rio
de Janeiro foi a única cidade da América que foi palco da aclamação de um rei
europeu.
- Também foi obra do
governo de D. João, durante a estada
da Família Real na porção americana de seus domínios, a criação do Reino Unido
de Portugal, Brasil e Algarves.
Largo do Carmo em 1818.
- À esquerda, vê-se o
Paço Imperial, com o edifício do Convento do Carmo ao fundo.
- À direita, situa-se
uma torre sineira junto com a Antiga Sé.
- Mais à direita,
encontra-se a Igreja da Ordem Terceira do Carmo.
- Até o início do novo regime republicano, ali estavam,
também, a Capela Imperial (atual Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Antiga
Sé), a Igreja da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo e o Convento
do Carmo (prédio da antiga Academia de Comércio, atual Universidade Candido
Mendes).
- Por essa razão, a região foi palco de acontecimentos e
solenidades significativos para a história do Brasil Imperial, como casamentos,
batizados, aclamações, coroações e enterros.
A Varanda
- Para a
aclamação de El Rei Dom João VI foi
construída a "Varanda", um anexo monumental entre o Paço e o Convento do Carmo,
onde se realizou a cerimônia.
- A "Varanda" foi utilizada também nas
coroações de D. Pedro I (1822-1831)
e D. Pedro II (1840-1889).
- O espaço foi demolido durante o segundo reinado.
- O Paço Imperial é o
edifício do lado esquerdo do largo.
- Ao fundo vêem-se, da
esquerda para a direita, o Convento do Carmo.
- A Catedral e a
Igreja da Ordem Terceira do Carmo.
- No centro, em
primeiro plano, está o Chafariz de Mestre Valentim.
- O Paço foi o centro dos eventos relacionados à aclamação
do então Príncipe regente D. João
como D. João VI, Rei de Portugal,
Brasil e Algarves e, ainda, à recepção de D.
Leopoldina da Áustria para o seu casamento com o herdeiro da Coroa
portuguesa, o então Príncipe D. Pedro.
- Com a separação do Brasil de Portugal, o Paço ganhou a
designação de Imperial, que é a utilizada nos tempos atuais. Durante o Império,
foi a partir do Paço que os imperadores administraram o Brasil.
Paço Imperial
- Após a Independência do Brasil, o edifício passou a Paço
Imperial, sendo chamado também de Paço do Rio de Janeiro, funcionando como
despacho e residência eventual para D.
Pedro I.
- Além disto, o Paço esteve vinculado a diversos momentos
relevantes à história do Brasil e do Império português. Após a partida de D. João VI do Brasil, foi no Paço que
aconteceram as articulações políticas entorno do príncipe D. Pedro e o Dia do
Fico, que precederam à Independência do Brasil.
Em 09 de janeiro de 1822,
foi no Paço que D. Pedro I decidiu
ficar no Brasil e não voltar a Portugal (Dia do Fico).
Em 1822, com a
independência do Brasil, o Paço Imperial passou a fazer jus ao nome pelo qual é
chamado. Era de lá que D. Pedro I e
depois D. Pedro II, os imperadores
brasileiros, resolviam as questões nacionais, até que D. Pedro II recebe a visita do Major
Solon Guimarães com o comunicado de sua deposição.
Da década de 1840, no
interior há uma sala, o Pátio dos Arqueiros, que ainda mantém a decoração em
estuque original.
- Neste período a fachada recebeu o acréscimo de uma
platibanda em torno do terceiro andar e que ocultava o telhado.
Nota:
- Pesquisas dizem que em 1840, o Paço foi o
primeiro local da América Latina a ser fotografado” conta o historiador Maurício Santos.
Em 1841, acontece a
sagração de D. Pedro II, do alto da
varanda da coroação.
- Por essa razão, a região foi palco de acontecimentos e
solenidades significativos para a história do Brasil Imperial, como casamentos,
batizados, aclamações, coroações e enterros.
Paço Imperial - 1840
Em 18 de março de 1870, a
câmara da cidade deu-lhe a denominação de Praça de Dom Pedro II.
Em 1878, quando foi
feita, por ordem da Câmara Municipal, a nova numeração dos prédios da cidade, o
serviço começou justamente no local, recebendo o Paço Imperial o número sete.
Em 1878, na praça também
estavam situados, os prédios da Secretaria de Agricultura, da Agência Nacional
de Colonização e da Estação Praça XV.
No dia 13 de maio de 1888, numa
das salas do Paço que a Princesa Isabel
assinou a Lei Áurea, acabando com a escravidão no Brasil, e foi em frente Paço
Imperial onde ocorreram as maiores comemorações pela assinatura da Lei.
No entanto, em 1889, com
a Proclamação da República do Brasil, foi o local de onde partiu a família imperial
para o exílio e seu nome foi trocado para a denominação atual, em homenagem à
data da proclamação.
- Nesse dia, foi instaurada a república federativa
presidencialista no Brasil, em substituição à monarquia constitucional
parlamentarista.
Em 17 de novembro de 1889, na
madrugada, o agora ex-Imperador do Brasil, a Família Imperial e Auxiliares
partem para o exílio no exterior no mesmo Paço da Cidade.
Decadência
Em 1889, com o advento da
República após sua proclamação, as propriedades da Família Imperial e seus bens
foram arrestados e leiloados, entrou em curso o apagamento dos símbolos
imperiais.
Em 1890, o mobiliário foi
leiloado e o prédio cedido ao Ministério da Instrução e dos Correios, então
dirigido por Benjamin Constant,
considerado o Patriarca da República.
Nota:
- O prédio só não foi demolido para dar
lugar à construção da nova sede do poder legislativo federal porque o senador Paulo de Frontin interferiu.
- A República não queria vincular os seus pontos de poder
com os antigos lugares monárquicos. Assim, o Paço foi rejeitado para ser a sede
de ministérios e diversos palácios de antigos titulares do Império foram
comprados pelo novo governo republicano para os seus ministérios.
- O Paço foi transformado em Agência Central dos Correios e
Telégrafos (1929 a 1975). A decoração interna - estuques, pinturas e decoração
- foi destruída e dispersa.
- A platibanda foi retirada para a expansão do terceiro
andar, que passou a ocupar toda extensão do prédio.
- O pátio central foi ocupado e a fachada alterada com a
introdução de frontões em estilo neo-colonial.
- No que tange às mudanças de nomenclaturas em função do
regime político, é importante saber que o espaço onde o prédio situa-se é,
desde 1890, designado Praça XV de Novembro, data que refere-se à Proclamação da
República.
A
Mudança de Nome
- Assim, o antigo centro da monarquia ganhava o nome da data
comemorativa ao estabelecimento do regime republicano no país.
- A atual Praça XV já havia sido chamada de Largo do Carmo,
Campo do Carmo, Terreiro da Polé e várzea da Senhora do Ó.
Em 12 de novembro de 1894, na
praça foi solenemente inaugurado o panteão do General Osório. Encimado por sua estátua equestre, fundida com os
bronzes dos canhões apreendidos no Paraguai, trata-se de uma homenagem a um dos
heróis da Guerra do Paraguai, Manuel
Luís Osório.
Nota:
- No entanto, nos fins do século XX, seus
restos mortais foram removidos para o município de Osório, no Rio Grande do
Sul, estado onde nasceu.
Nos fins do século XIX, eram
oficialmente descritos os seus contornos e limites "pela Rua Dom Manoel, Praça das
Marinhas, ruas do Mercado, 1º de Março, 7 de Setembro e da Misericórdia".
- A praça recebia a maior parte dos navios de passageiros
que chegavam ao Rio de Janeiro. Segundo o historiador Milton Teixeira, a região era considerada o cartão de visitas da
cidade.
Século XX
Em 1908, foi inaugurado
pelo prefeito Pereira Passos o
Mercado Municipal da Praça XV, uma das obras de remodelação urbana ocorridas no
início do século XX na cidade.
Em 1929, o prédio tem a
feição apresentada após a reforma, do Departamento de Correios e Telégrafos -
DCT, tendo um terceiro andar ocupando todo perímetro do prédio.
Em 1937, quase 50 anos
depois, mais especificamente, durante o governo do presidente Getúlio Vargas, é criada a Secretária do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN),
atual Instituto do Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional (IPHAN).
Recuperação
Em 1938, houve o
tombamento do prédio.
Na década de 1950, foi
construído a Elevado da Perimetral, que inicialmente ligava a Avenida
Presidente Vargas ao Aterro do Flamengo.
Trecho do Elevado da
Perimetral que passava sobre a praça, em 2011.
- Em virtude de sua construção, o mercado foi demolido,
restando apenas um pavilhão onde hoje funciona o Ancoramar.
No dia 10 de junho de 1965, foi
inaugurada a Estátua Equestre de Dom
João VI, presente do povo de Portugal à cidade por ocasião dos festejos do
quarto centenário de sua fundação. De autoria de Salvador Barata Feyo, escultor português natural de Moçâmedes,
Angola, a estátua foi colocada no local onde o Rei dom João VI teria desembarcado em 1808.
- Uma cópia desta encontra-se na rotunda do Forte de São
Francisco Xavier do Queijo, na Praça de Gonçalves Zarco, na cidade do Porto, em
Portugal. De acordo com instruções do escultor desta obra, ambas as estátuas
deveriam estar voltadas uma para outra, como simbolismo e ligação entre a mesma
pessoa (Dom João VI) e os dois
países (Portugal e Brasil).
- Essa mesma ligação profunda e indesmentível foi mais
marcada ainda pela presença de um globo terrestre com a Cruz de Cristo por
cima, que a figura de Dom João VI
leva na sua mão direita.
- A crer em João
Barata Feyo, “...
o globo terrestre com a Cruz de Cristo é um símbolo da história de Portugal,
que é a descoberta, a conquista, a navegação. Ele leva a sua tradição de rei
português. Digamos que Portugal se caracteriza pela aventura que realizou, pela
descoberta dos caminhos para a Índia, Brasil. (...) Foi uma forma de congregar,
na figura de dom João VI, toda a história de Portugal.”
Em 1980, apesar de tombado desde 1938 pelo antigo Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - SPHAN, o edifício foi entregue ao IPHAN semidestruído e descaracterizado.
Restauração
Em 1982, o Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional restaurou o Paço à forma que tinha no
ano de 1818, as características da fase joanina, que retomaram o seu aspecto
externo ao da época do Reino Unido português.
- Foi um processo de restauração de três anos, recebeu
tratamento multidisciplinar buscando a reabilitação das marcas do passado, de
forma a preservar e valorizar as marcas deixadas pelas diversas etapas
históricas, após tantos anos e sucessivas ocupações.
- Fragmentos e vestígios das construções foram surgindo,
revelando as intervenções sofridas no interior do prédio. Alguns acréscimos
foram eliminados, deixando a fachada mais aproximada à do tempo de Dom João VI.
Em 1985, o Paço tornou-se
um centro cultural ligado ao IPHAN e à Secretaria de Patrimônio, Museus e Artes
Plásticas, Ministério da Cultura, assim surgia o Centro Cultural do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional/Ministério da Cultura (Iphan/MinC).
- Esta obra inaugurou um novo ciclo cultural na Praça XV e
suas imediações.
- Também foi na década de 1980 que o prédio voltou a receber
a sua designação da época da Monarquia: Paço
Imperial.
Em 1991, foi criada a Associação dos Amigos do Paço Imperial.
- Desde então, ele tem servido de palco para concertos, peças
de teatro, exposições de arte contemporânea e eventos educacionais, além de
dispor da Biblioteca Paulo Santos, de cinema, lojas e restaurantes.
Século XXI
Inaugurado em 2007, o
monumento mais recente da praça é o de João
Cândido. O monumento faz parte da história do negro no Brasil, não apenas
porque João Cândido era negro, mas
também porque a Revolta da Chibata foi protagonizada por uma maioria de
marinheiros negros. As classes mais baixas da Marinha, por serem compostas por
rapazes muito pobres, estavam ainda sujeitas a castigos físicos de açoitamento.
- O monumento foi doado à cidade pela Secretaria de
Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
Em 2014, o Museu de Arte
do Rio (MAR) recebeu uma doação do Fundo Fátima Zorzato e Ruy Souza e Silva,
constituído por um importante conjunto de gravuras e fotografias que
testemunham a história iconográfica, urbanística, social e política da Praça XV
desde 1599 até o início do século XX, quando o centro do Rio transferiu-se para
a Avenida Rio Branco. A doação foi acompanhada de um catálogo com texto de
Pedro Vasquez.
Em 2014, o trecho do
Elevado da Perimetral que passava sobre a praça foi demolido, viabilizando
assim uma revitalização da região.
Em 29 de maio de 2016, a
praça, que existe desde o século XVI, atual Praça XV, junto com a Praça
Marechal Âncora e o Largo da Misericórdia, foram reinauguradas pelo prefeito Eduardo Paes após intervenções
visando revitalizar a região. Tanto as praças quanto o largo foram incorporados
à Orla Conde, um passeio público que margeia a Baía de Guanabara.
A revitalização da praça foi feita no âmbito do Porto
Maravilha, uma operação urbana que visa revitalizar a Zona Portuária do Rio de
Janeiro.
Em 06 de fevereiro de 2017, foi
inaugurada na praça a Parada Praça XV, que atende a Linha 2 do VLT Carioca. A
Linha 2 atualmente estende-se até a Parada Saara, mas futuramente se estenderá
até a Parada Rodoviária, no Santo Cristo.
O Paço Imperial
Hoje
O Paço Imperial atualmente está dentro da Praça XV, também
conhecida como Praça XV de Novembro, Praça Quinze de Novembro ou Praça Quinze,
a praça situada no bairro do Centro, na Zona Central da cidade do Rio de
Janeiro. Integra a Orla Conde, um passeio público que margeia a Baía de
Guanabara.
Situam-se na praça a Parada Praça XV do VLT Carioca e a
Estação Praça XV do sistema de barcas operado pela CCR Barcas.
Em seus arredores, situam-se: - a Rua Primeiro de Março; o
Arco do Teles; o Palácio Tiradentes; o Paço Imperial; a Assembleia Legislativa
do Rio de Janeiro; dentre outras edificações e logradouros.
Atualmente o Paço Imperial é um Centro Cultural onde ocorrem
mostras dos mais variados tipos (pintura, fotografia, escultura, cinema,
música, etc).
O Paço dispõe de uma biblioteca de arte e arquitetura
(Biblioteca Paulo Santos) e várias lojas (livraria, disqueria, restaurante).
O Paço
Imperial é um ponto extremamente importante para a cultura e a história
do Rio de Janeiro, bem como para a do Brasil e Portugal, rememorado, também, o
período em que D. João VI, Rei de
Portugal, Brasil e Algarves estava instalado na cidade.
Além disto, o Paço
Imperial compõe uma região da cidade do Rio com uma série de outros
edifícios relevantes, como o Palácio Tiradentes, o Centro Cultural Banco do
Brasil (CCBB), a Casa França-Brasil, dentre outros.
Detalhes do Paço
O piso na entrada do térreo é revestido de pedra de lioz,
uma espécie de mármore português que servia de lastro aos navios.
Dois cômodos, localizados abaixo e ao lado da escadaria na
entrada e chamados de “segredos” foram
encomendados por aquele primeiro vice-rei cruel, Dom Antônio Álvares da Cunha, em 1776, para encarcerar seus
opositores.
Na área onde fica o Bistrô do Paço, vestígios de fixação de
argolas parecem indicar que ali se localizava outra área utilizada como prisão
e conhecida como “potência”,
criada a mando do mesmo Conde da Cunha.
Outra sala interessante, localizada nesse pavimento, é a
Casa da Moeda, onde era fundido o ouro extraído em Minas Gerais. As moedas
foram cunhadas ali até o ano de 1814.
Eventualmente, o local também servia de cárcere, como no
caso dos 700 franceses sobreviventes entre os 1.200 que acompanharam Jean-François Duclerc na invasão da
cidade, em 1710.
No primeiro andar fica uma série de espaços importantes. A
biblioteca tem um acervo doado pelo arquiteto e historiador de arte Paulo
Santos ao Iphan em 1984, que conta com cerca de oito mil volumes.
Duas das salas serviram para iniciativas literárias: - a
Academia dos Felizes, poetas que ali se reuniam a partir de 1736; e a Academia
dos Seletos, que sucedeu a primeira em 1752.
A Sala Mestre Valentim serviu de aposento para os vice-reis
e, mais tarde, foi ocupada por D. Carlota Joaquina e as princesas. Da janela da
Sala do Dossel, D. Pedro I anunciou,
em 1822, que não retornaria a Portugal, como determinado pela Coroa, no evento
conhecido como o Dia do Fico.
Na Sala do Trono aconteciam as cerimônias do beija-mão. De
suas janelas os soberanos eram aclamados ou se despediam. Instalados no balcão
da Sala Treze de Maio, a Princesa Isabel
e o Conde d’Eu receberam os aplausos pela assinatura da Lei Áurea, em 1888.
A Sala Gomes Freire de Andrade homenageia o governador que
deu origem ao Paço.
A Sala dos Arqueiros recebeu esse nome em referência à
guarda real que ficava naquele espaço, muito embora a claraboia tenha sido
construída durante o período republicano, assim como os rendilhados junto ao
teto.
Monumentos da
Área
Chafariz
do Mestre Valentim
O Chafariz do Mestre Valentim, também conhecido como
Chafariz do Carmo, Chafariz Colonial ou Chafariz da Pirâmide, foi construído
durante o governo do vice-rei Luís de Vasconcelos e Sousa, o 4.º Conde de
Figueiró e o 12.º vice-rei do Brasil. Projetado por Valentim da Fonseca e
Silva, popularmente conhecido como Mestre Valentim, foi inaugurado em 1789 em
substituição a outro chafariz que também situava-se na Praça XV e fora
construído em 1747. Tinha a função de abastecer a população e também os navios
que atracavam nas proximidades pois situava-se originalmente à beira do cais.
O chafariz, feito a partir da cantaria, é basicamente uma
pequena torre de quatro faces. Uma pirâmide quadrangular está assentada em seu
teto. A junção das fachadas é arrematada com pilastras circulares, pilastras
estas que são arrematadas por coruchéus, sendo que existe uma espécie de
balaustrada entre os coruchéus. Na fachada voltada para o mar, localiza-se uma
porta e uma placa comemorativa relativa à inauguração do monumento. Nas outras
faces, ficam grandes conchoides, sob as janelas centrais, que recebiam a água
de repuxos, coletada de tanques que ficavam no subsolo. A face oposta à fachada
voltada para o mar também tem um medalhão ovalado em mármore com alguns
inscritos.
Em 1857, com a construção do Cais Pharoux, o antigo piso da
Paço foi aterrado, elevando-se em um metro e, por consequência, três degraus do
chafariz foram aterrados. O Chafariz do Mestre Valentim forneceu água até a
década de 1880.
Na segunda metade do século XX, um pequeno lago foi
construído no entorno do chafariz.
No ano de 1988, a Prefeitura do Rio de Janeiro realizou uma
pesquisa arqueológica, envolvendo escavações, em busca do cais que existia no
local na época da inauguração do chafariz. Por consequência disto, o chafariz
passou a ter um novo lago, restrito à área frontal, de modo que fosse possível
a visualização dos degraus de cantaria originais. O trecho restante da área
escavada foi gramado e uma cerca foi colocada em volta do monumento a fim de
garantir a segurança dos transeuntes.
Em virtude da implementação do Mergulhão da Praça XV, uma
escadaria e uma área de ventilação foram construídas ao lado do chafariz. Com a
transformação do mergulhão em trecho do Túnel Prefeito Marcello Alencar durante
a gestão do prefeito Eduardo Paes, tanto a escadaria quanto a área de
ventilação desapareceram. A cerca que existia fora trocada por uma mureta.
Estátua
Equestre de Dom João VI
Inaugurado em 10 de junho de 1965, a Estátua Equestre de Dom
João VI foi um presente do povo de Portugal à cidade do Rio de Janeiro por
ocasião do 400º aniversário de fundação da cidade. A estátua, de autoria do
escultor Salvador Barata Feyo e do arquiteto Carlos Ramos, foi colocada no
local onde teria desembarcado, em 1808, Dom João VI, que era o então regente de
Portugal. João VI veio ao Brasil em virtude de um plano de invasão ao seu país
orquestrado por Napoleão Bonaparte.
O monumento possui uma base retangular de formato piramidal,
feita em granito, de 2,3 metros. A estátua, feita em bronze, encontra-se
sobreposta ao pedestal. Existe um monumento idêntico situado na Praça de
Gonçalves Zarco, localizado na cidade portuguesa do Porto e que, assim como o
monumento da Praça XV, também está posicionada de frente para o mar.
No dia 11 de junho de 2013, foi colocado em frente ao
monumento um QR code cultural feito com 400 kg de pedras portuguesas oriundas
de Portugal. O código foi confeccionado por calceteiros lisboetas e cariocas.
Ao fotografar a imagem, os visitantes têm a oportunidade de conhecer um pouco
mais sobre a história da estátua.
Estátua
Equestre do General Osório
A Estátua Equestre do General Osório localiza-se no centro
da praça. Obra do escultor mexicano radicado no Brasil Rodolfo Bernardelli, foi
fundida em 1892 nas oficinas Thibaut, situadas em Paris, com o bronze dos
canhões tomados durante a Guerra do Paraguai para homenagear Manuel Luís
Osório, mais conhecido como General Osório, considerado o herói do referido
conflito bélico. A estátua, que possui 8 metros e 5,7 toneladas, foi inaugurado
em 1894, 7 anos após Bernardelli receber a encomenda da estátua, tendo sido o
primeiro monumento inaugurado no Rio de Janeiro após a Proclamação da República
do Brasil. Bernardelli, contratado por 160 contos de réis, montou seu ateliê no
antigo Beco da Pouca Vergonha, hoje Rua Vinte de Abril, e levou cerca de dois
anos para fazer apenas o cavalo. Na coluna do pedestal, na parte dianteira,
lê-se a inscrição:
A Osório o Povo 1884. Destacam-se, na obra,
os dois relevos nas laterais, em bronze, representando cenas de batalha.
Em 21 de julho de 1892, os restos mortais do Marechal Osório
foram transferidos da Igreja de Santa Cruz dos Militares para a cripta
construída sob a estátua equestre e lá permaneceram até o dia 1º de dezembro de
1993, quando deu-se início ao solene translado do seu corpo para o jazigo no
interior do Parque Histórico Marechal Manuel Luis Osório, localizado no
município gaúcho de Tramandaí.
Monumento
à João Cândido
Em uma das laterais da Estação Praça XV do VLT Carioca,
situa-se o Monumento à João Cândido, popularmente conhecido como Estátua do
Almirante Negro, de autoria do artista plástico Walter de Brito. O monumento é
composto por um pedestal de 1,2 metro reforçado com granito preto e pela
estátua, que possui dois metros de altura e é feita de bronze.
A estátua é uma homenagem a João Cândido Felisberto, que foi
o comandante da Revolta da Chibata, ocorrida em novembro de 1910 e que trouxe o
fim dos castigos corporais na Marinha do Brasil. Nascido no município gaúcho de
Encruzilhada do Sul, João Cândido morreu aos 89 anos, no dia 6 de dezembro de
1969.
No dia 22 de novembro de 2007, aniversário de 97 anos da
Revolta da Chibata, a estátua foi inaugurada nos jardins do Palácio do Catete,
que havia sido bombardeado durante a revolta. A estátua, que mostra João
Cândido de corpo inteiro com um leme em uma das mãos, tinha sido afixada de
frente para o mar e de costas para o palácio. Como parte da solenidade, que
teve a presença de autoridades, de familiares e de representantes de movimentos
sociais, foi exibido o filme Memórias da Chibata, de Marcos Manhães Marins e
que trata-se de uma reconstituição história da Revolta da Chibata, e feita uma
exposição fotográfica da revolta sob a curadoria do cientista político e juiz
de direito João Batista Damasceno.
Em 20 de novembro de 2008, a estátua foi transferida dos
jardins do Palácio do Catete para a Praça XV, em evento que contou com a
presença do então Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, da
família de João Cândido e de dezenas de pessoas. Nenhum oficial da Marinha do
Brasil foi enviado ao evento.
Feira
de Antiguidades
A feira na época em que ocorria sob o Elevado da Perimetral.
Todos os sábados, em frente ao Paço Imperial, é organizada a
tradicional Feira de Antiguidades ao redor da Estátua Equestre do General
Osório. O evento reúne cerca de 366 barracas e mais de 600 vendedores
cadastrados pela prefeitura. São vendidos na feira diversos objetos, móveis,
roupas, brinquedos e livros, dentre outros artigos. É considerada pelos
colecionadores a maior feira de antiguidades da América Latina.
A feira começou a ser realizada em 1976 embaixo do Elevado
da Perimetral, entretanto desde 2014, com a demolição do viaduto, é realizada
no atual ponto. Inicialmente era caracterizada como um evento de troca de
objetos.
Desde 2015, a Secretaria Municipal de Ordem Pública (SEOP)
fiscaliza o comércio da feira. O objetivo é impedir a venda de comida e de
artigos que não configurem antiguidades.
Mergulhão
da Praça XV
Ver artigo principal: Túnel Engenheiro Carlos Marques
Pamplona
No final de 1996, foi inaugurado o Túnel Engenheiro Carlos
Marques Pamplona, popularmente conhecido como Mergulhão da Praça XV, no subsolo
da praça. Sua construção permitiu a circulação de pedestres na superfície.
Entretanto, no dia 14 de fevereiro de 2014, foi
definitivamente fechado ao tráfego. O mergulhão passou a incorporar o Túnel
Prefeito Marcello Alencar, inaugurado em 2016 e que substituiu o Elevado da
Perimetral.
Outros
Pontos de Interesse:
- Os seguintes pontos de interesse situam-se nas redondezas
da Praça XV:
Paço
Imperial
Bolsa
de Valores do Rio de Janeiro
Centro
Administrativo do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro
Estação
Hidroviária da Praça XV
Estação
Praça XV do VLT Carioca
Acesso
ao Túnel Prefeito Marcello Alencar
Escola
de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ)
Museu
Naval e Oceanográfico
Edifício
Centro Candido Mendes
Convento
do Carmo
Igreja
de Nossa Senhora do Monte do Carmo
Igreja
da Ordem Terceira do Carmo
Arco do
Teles
- Também:
Orla
Conde
Porto
Maravilha
Referências Bibliográficas e Iconográficas
- Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, de Jean Baptiste Debret.Referências:
- Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, de Jean Baptiste Debret.
Prefeitura do Rio entrega nova orla da Praça XV até o Museu Histórico Nacional. Porto Maravilha. 29 de maio de 2016.
Coaracy, Vivaldo (1965). Memórias da Cidade do Rio de Janeiro
2ª ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora.
Fontes:
Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro
Fundação de Parques e Jardins - FPJ
Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro - RIOTUR
Porto Maravilha - Rio de Janeiro
Ótimo texto, melhor ainda que colou a bibliografia!
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